Os resultados suportam as recomendações para limitar o consumo

Associação entre consumo de alimentos ultraprocessados e comprometimento cognitivo

Medidas são necessárias para reduzir o consumo de produtos ultraprocessados

Autor/a: Natalia Gomes Gonçalves, Naomi Vidal Ferreira, Neha Khandpur, et al.

Fuente: Association Between Consumption of Ultraprocessed Foods and Cognitive Decline

 

Introdução

Embora o consumo de alimentos ultraprocessados ​​tenha sido associado a um risco aumentado de doenças cardiovasculares, síndrome metabólica e obesidade, pouco se sabe sobre a associação do consumo desses ​​com o declínio cognitivo.

Objetivo

Investigar a associação entre consumo de alimentos ultraprocessados ​​e declínio cognitivo no Estudo Longitudinal Brasileiro de Saúde do Adulto.

Desenho e participantes

Este foi um estudo de coorte prospectivo multicêntrico com 3 ondas, com aproximadamente 4 anos de intervalo, de 2008 a 2017. Os dados foram analisados ​​de dezembro de 2021 a maio de 2022. Os participantes eram servidores públicos com idade entre 35 e 74 anos recrutados em 6 cidades brasileiras.

Os participantes que, no início do estudo, apresentavam frequência alimentar incompleta, dados cognitivos ou dados do questionário de covariáveis ​​foram excluídos. Também foram excluídos os participantes que relataram ingestão calórica extrema (<600 kcal/dia ou >6.000 kcal/dia) e aqueles que tomavam medicamentos que pudessem interferir negativamente no desempenho cognitivo.

Exposição

Consumo diário de alimentos ultraprocessados ​​como percentual da energia total dividida em quartis.

Principais resultados

Alterações no desempenho cognitivo ao longo do tempo avaliadas por meio de testes de recordação imediata e tardia de palavras, reconhecimento de palavras, fluência verbal fonêmica e semântica e teste Trail-Making versão B.

Resultados

Um total de 15.105 pessoas foram recrutadas e 4.330 foram excluídas, restando 10.775 participantes cujos dados foram analisados. A idade média (DP) na entrada no estudo foi de 51,6 (8,9) anos, 5.880 participantes (54,6%) eram do sexo feminino, 5.723 (53,1%) eram brancos e 6.106 (56,6%) tinham pelo menos um diploma universitário.

Em um acompanhamento médio de 8 (6-10) anos, indivíduos com consumo de alimentos ultraprocessados ​​acima do primeiro quartil apresentaram uma taxa 28% mais rápida de declínio cognitivo global (β = −0,004; IC 95%, − 0,006 a −0,001; P = 0,003) e uma taxa 25% mais rápida de declínio na função executiva (β = −0,003, 95% CI, −0,005 a 0,000; P = 0,01) em comparação com aqueles no primeiro quartil.

Conclusão

Uma porcentagem maior de ingestão diária de energia de alimentos ultraprocessados ​​foi associada ao declínio cognitivo entre adultos em uma amostra etnicamente diversa. Esses achados apoiaram as recomendações atuais de saúde pública para limitar o consumo de alimentos ultraprocessados ​​devido ao seu potencial dano à função cognitiva.