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/ Publicado el 15 de marzo de 2025

Medicina à distância

Visitas domiciliares são cruciais para controle de tuberculose no Rio

Ida de profissionais de saúde à casa dos pacientes permite busca ativa e previne transmissões

Highlights

·       Rio é a terceira capital com maior incidência de tuberculose no Brasil, com 96 casos para cada 100 mil habitantes, em 2022

·       Implantação de teste rápido não foi suficiente para aumentar a detecção de forma satisfatória

·       Ida de profissionais de saúde à casa dos pacientes permite busca ativa e previne transmissões, mostra estudo da Fiocruz


Os cuidados de atenção primária e as visitas domiciliares de profissionais de saúde aos pacientes são as principais estratégias para tratar e interromper a transmissão de tuberculose na cidade do Rio de Janeiro, mostrou um estudo publicado na última quarta-feira (12) no periódico científico Cadernos de Saúde Pública. O artigo é parte do trabalho de doutorado em epidemiologia da médica de família e comunidade Fernanda Lopes, na Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP-Fiocruz).

Foram analisados dados de casos de tuberculose no município do Rio entre 2014, quando foram implementados os testes rápidos para detecção da doença, e 2022. Os pesquisadores buscaram identificar como a cobertura da atenção primária, as visitas domiciliares e outros fatores, como a pandemia da COVID-19, influenciaram a detecção de casos da doença.

Houve associação direta entre as visitas e o detecção dos casos. “A tuberculose é uma doença de transmissão respiratória, ocorre dentro das casas, então, na visita do profissional de saúde, você detecta os casos, avalia as condições de moradia, quantas pessoas moram ali e que podem ter sido contaminadas”, explicou Lopes. A presença desses profissionais permite uma busca ativa por casos e a prevenção da transmissão, além da oferta e controle do tratamento de forma mais eficaz.

“A principal estratégia para conter a tuberculose é o diagnóstico rápido e iniciar o tratamento de forma precoce. O único problema é que é longo, de pelo menos seis meses, e incômodo, então precisa garantir aderência”, explicou Yara Hahr, pesquisadora da Fiocruz, médica epidemiologista e orientadora de Lopes. “A tecnologia dos testes rápidos ajuda muito, mas sozinha não faz milagre, o serviço tem que chegar às pessoas, ser acessível e a atenção primária e as visitas possibilitam isso.”

Para as pesquisadoras, o estudo demonstrou como é preciso manter e ampliar os serviços oferecidos pelo SUS para prevenção, detecção e tratamento por meio da atenção primária, especialmente no Rio, onde há 96 casos a cada 100 mil habitantes. “É a terceira capital com a maior incidência no Brasil, fica atrás de Manaus e Recife, então todo médico no Rio precisa considerar que uma tosse pode ser tuberculose”, disse Hahr.

A base de dados utilizada para coletar números de casos de tuberculose foi a do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan). Já os dados de cobertura de atenção básica foram coletados nos Paineis de Indicadores da Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde.