O uso de emolientes e terapias tópicas prescritas é suficiente para alcançar o controle da dermatite atópica (DA). No entanto, pacientes com a forma mais grave ou generalizada que não respondem a esses tratamentos podem considerar o uso de fototerapia ou terapias sistêmicas para melhorar o controle da doença e a qualidade de vida (QV). Essas opções incluem medicamentos orais, como imunossupressores, corticosteroides, antimetabólicos e inibidores da Janus quinase (JAK), além de medicamentos injetáveis, como biológicos.

Nesse contexto, Davis e colaboradores (2023) buscaram fornecer recomendações baseadas em evidências sobre o uso de fototerapia e terapias sistêmicas para DA em adultos. Para isto, realizaram uma revisão sistemática avaliando a certeza das evidências através dos desfechos de eficácia, de segurança e relatados pelos pacientes, como mudança nos sinais e sintomas, na QV e na gravidade da coceira. A população alvo consistiu em adultos (≥ 18 anos) com diagnóstico clínico de DA (incluindo "eczema" ou "eczema atópico"). As intervenções consideradas foram terapias sistêmicas ou fototerapia/fotoquimioterapia disponíveis e aprovadas para uso em qualquer indicação nos Estados Unidos.

> Manejo básico

A terapia de base para a dermatite atópica envolve a avaliação da gravidade, que inclui a análise dos sinais da doença e de suas comorbidades, bem como o impacto negativo na qualidade de vida. Além disso, há as orientações de evitação de fatores agravantes, que consistem na identificação de fatores desencadeantes relevantes, como alérgenos e irritantes, e na orientação aos pacientes sobre como evitá-los. Aqui, também se enquadram as orientações de hábitos de banho e as recomendações de hidratação cutânea.

> Terapias tópicas

São recomendadas para casos de dermatite atópica de leve a moderada. Entre as opções aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA), estão os corticosteroides tópicos (TCS), os inibidores de calcineurina tópicos (TCIs), o crisaborole e o creme de ruxolitinibe. Além dessas, os curativos úmidos são utilizados, embora não sejam aprovados pela FDA. A manutenção com terapias tópicas inclui o uso contínuo de tratamentos reativos conforme necessário para áreas inflamadas e em risco de recorrência, utilizando estratégias de "tratamento de resgate" quando necessário. Caso o controle com as terapias tópicas seja inadequado, avança-se para terapias de manutenção e controle mais intensivas.

> Fototerapia e terapia sistêmica

São recomendadas para casos de dermatite atópica de moderada a severa. Podem ser usadas concomitantemente para manutenção da resposta, resgate ou tratamento de agudizações. A fototerapia é recomendada, embora a aprovação específica pela FDA não seja indicada. Para adultos com DA, recomenda-se condicionalmente a fototerapia (todos os tipos), com evidência de baixa certeza. Observações indicaram que a maioria das literaturas relatou a eficácia e segurança da UVB de banda estreita. Sempre que possível, deve-se utilizar uma fonte de luz que minimize o potencial de dano sob a supervisão de um clínico qualificado.

As terapias sistêmicas incluem diversos medicamentos, com aprovação variável pela FDA. Para adultos com DA moderada a severa, recomenda-se fortemente o dupilumabe, com evidência de certeza moderada. Da mesma forma, recomenda-se fortemente o tralokinumabe, também com o mesmo nível de evidência. Entre os inibidores de JAK, recomendou-se fortemente o upadacitinibe. O upadacitinibe foi aprovado pela FDA para pacientes com DA que não responderam a outras terapias sistêmicas (comprimidos ou injeções, incluindo biológicos) ou quando o uso dessas terapias é inviável. O abrocitinibe foi recomendado fortemente para adultos com DA moderada a severa, com evidência de certeza moderada, sendo aprovado pela FDA para pacientes que não responderam a outras terapias sistêmicas ou quando essas terapias são inviáveis. Já o baricitinibe foi recomendado condicionalmente para adultos com DA moderada a severa, com evidência de certeza moderada, mas não foi aprovado pela FDA. A seguir mostra-se uma tabela de dosagem de medicamentos para uso em adultos.

Tabela 1. Dosagem de medicamentos para uso em adultos. Tabela adaptada de Davis et al. (2023).