Estudo comparativo

Promestrieno com laser de CO2 fracionado vaginal e tratamentos de radiofrequência na síndrome geniturinária da menopausa

Foi realizado um ensaio clínico para comparar a eficácia dos tratamentos na condição

Introdução

A síndrome geniturinária da menopausa (GSM) é uma condição crônica e progressiva que envolve diversos sinais e sintomas do trato genital inferior, como dispareunia, secura vaginal, prurido, ardor e sintomas urinários. Esses sintomas podem afetar a sexualidade e a qualidade de vida das mulheres. Atualmente, o estrogênio tópico é o padrão ouro para tratar a GSM, mas seu uso contínuo é motivo de preocupação e queixa entre mulheres na pós-menopausa, reduzindo a adesão à terapia.

Recentemente, houve um aumento nos estudos que investigam a utilidade de dispositivos de energia, como o laser fracionado de CO2, para tratar sintomas do trato genital inferior na menopausa. Além disso, a radiofrequência fracionada microablativa (MAFRF) surgiu como outra opção de energia para remodelação do colágeno no trato genital inferior. Por essa razão, Seganfredo e colaboradores (2024) tiveram como objetivo comparar os efeitos do laser fracionado de CO2 e da MAFRF com os do estrogênio tópico (Promestrieno) na função sexual e nos sintomas da GSM.

Métodos

Para este estudo, foi realizado um ensaio clínico prospectivo randomizado aberto com 62 mulheres na pós-menopausa, distribuídas em três grupos de intervenção: a) promestrieno tópico por 90 dias (n = 17); b) tratamento com laser CO2 fracionado (n = 24); e c) tratamento com radiofrequência fracionada microablativa (n = 21). Cada um dos dois últimos grupos foi submetido a três sessões de tratamento com intervalos de 4 semanas. No início e no final do estudo, todas as participantes foram submetidas a um exame ginecológico, que incluiu a medição do pH vaginal e o preenchimento da Pontuação de Sintomas Vaginais, do Índice de Saúde Vaginal e do Índice de Função Sexual Feminina. Para os grupos de tratamento com energia, os efeitos adversos foram avaliados após cada sessão. A homogeneidade dos grupos foi avaliada no início do estudo, e os resultados foram avaliados ao longo do tempo (desde o início até o final do tratamento) e entre grupos ao longo do tempo.

Resultados

Todos os parâmetros basais foram semelhantes entre os grupos estudados. No final do estudo, todos os 3 tratamentos produziram efeitos semelhantes: uma redução do pH vaginal e uma melhora dos sintomas vulvovaginais (pontuações do Vaginal Symptom Score e do Vaginal Health Index), bem como da função sexual (maiores pontuações do Female Sexual Function Index total e nas pontuações dos domínios desejo, excitação, lubrificação e dor), sem diferenças observadas entre os grupos. Os efeitos colaterais foram leves para ambos os grupos de tratamento de energia, representados principalmente pelo corrimento vaginal.

Discussão e considerações finais

O presente estudo mostrou que tanto a radiofrequência fracionada microablativa (MAFRF) quanto o laser fracionado de CO2 foram eficazes no tratamento dos sintomas geniturinários e na melhoria da função sexual em mulheres na pós-menopausa, apresentando resultados semelhantes ao tratamento tópico com promestrieno. Todos os grupos tratados exibiram uma melhora significativa nas pontuações do Índice de Saúde Vaginal (VHI) e do Índice de Sintomas Vaginais (VSS), bem como uma diminuição no pH vaginal, indicando benefícios com os tratamentos.

Apesar da eficácia dos tratamentos com energia, o estrogênio tópico ainda é considerado o padrão ouro para os sintomas vulvovaginais da síndrome geniturinária da menopausa (GSM). No entanto, desafios como baixa adesão ao estrogênio tópico e o medo do tratamento hormonal destacam a necessidade de alternativas. Estudos anteriores têm demonstrado que tanto o laser de CO2 quanto o MAFRF promovem a regeneração da mucosa vaginal e o aumento de Lactobacillus, contribuindo para a normalização do pH vaginal e a melhora dos sintomas.

O estudo identificou limitações, como a ausência de um grupo controle com intervenção simulada e o tamanho reduzido da amostra, além da necessidade de mais pesquisas de longo prazo. No entanto, é um dos primeiros a comparar diretamente duas técnicas com energia diferentes com o estrogênio tópico, mostrando que ambos os tratamentos são opções viáveis para mulheres que buscam alternativas ao estrogênio. Por fim, conclui-se que há uma necessidade contínua de estudos que envolvam mais pacientes e sigam a longo prazo para definir a frequência ideal das aplicações e combinar tratamentos técnicas com energia com terapias tópicas.