Dor neuropática

A eficácia da pregabalina em pacientes com dor moderada e severa devido a neuropatia periférica diabética

A neuropatia periférica diabética dolorosa (pDPN) é uma das causas mais frequentes de dor neuropática.

Introdução

A Associação Internacional para o Estudo da Dor descreve a dor neuropática como a dor resultante de uma lesão ou doença do sistema somatossensorial. A dor neuropática é uma síndrome crônica e angustiante que afeta de 7 a 10% da população.

A neuropatia periférica diabética dolorosa (pDPN) é uma das causas mais comuns de dor neuropática, com uma prevalência estimada de 0,8% na população geral e de até 26% em pacientes diabéticos.

Considerando que 29 milhões de pessoas nos Estados Unidos têm diabetes, a taxa da pDPN é alta. Além disso, as taxas de prevalência são provavelmente ainda maiores do que as relatadas atualmente devido à ausência de uma abordagem padronizada para identificar a dor neuropática em pesquisas epidemiológicas.

A pregabalina é aprovada pela Food and Drug Administration e pela European Medicines Agency para o tratamento da dor neuropática causada por NPD. A pregabalina se liga à subunidade α2-δ do canal de cálcio, diminuindo o influxo de cálcio nas terminações nervosas e atenuando a liberação de neurotransmissores que afetam as vias da dor.

Vários ensaios controlados randomizados demostram que a pregabalina é eficaz para o tratamento de dor crônica nos pacientes com pDPN. Além disso, uma análise combinada de 7 ensaios mostrou que o tratamento da pregabalina está associado com um início rápido, a dose do medicamento e a uma redução na interferência do sono relacionada à dor em pacientes com pDPN.

Objetivo

Comparar a resposta terapêutico da pregabalina em pacientes com neuropatia periférica diabética com dor moderada ou grave (pDPN).

Metodologia

Combinou-se dados de 11 estudos controlados com placebo para avaliar a eficácia de doses fixas ou flexíveis de pregabalina (150, 300 ou 600 mg/dia) em pacientes com pDPN com escores médios de dor basal de de ≥4 a <7 (moderado) ou ≥7 a ≤10 (grave).

Principais medidas do resultado

A alteração da dor mediada pela pregabalina, a interferência do sono relacionada à dor (PRSI) e a impressão global de mudança do paciente (PGIC) foram comparadas com o placebo e entre coortes de dor moderada e grave. Eventos adversos (EA) foram relatados.

Resultados

No início do estudo, 1.816 pacientes tinham dor moderada (pregabalina, n= 1.189) e 1.119 pacientes tinham dor intensa (pregabalina. N= 720)

A pregabalina reduziu significantemente os escores de dor ao final do estudo em comparação com o placebo quando se combinaram pacientes de todos os níveis de dor (todas as doses; p <0,05).

Nos coortes de dor moderada e severa, o tratamento com pregabalina (300, 600 mg/dia ou flexível) reduziu significativamente as pontuações de dor ao final do estudo em comparação com o placebo (p <0,01).

A redução de dor foi maior em pacientes com dor inicial severa do que em pacientes com dor inicial moderada (pregabalina 300, 600 mg/dia ou flexível, p<0,0001).

A pregabalina melhorou PRSI e PGIC nos coortes moderados e graves em comparação com o placebo. A melhor melhora no PRSI ocorreu no coorte grave.

Os efeitos adversos (EA) do tratamento mais comuns foram tonturas, sonolência e edema periférico.

Discusión

No estudo, comparou-se a resposta terapêutica da pregabalina (300, 600 mg/dia e dose flexível) em pacientes de com pDPN moderada ou grave. Os dados enfatizam a importância da seleção dose para um paciente com dor severa ao início do estudo.

O alívio da dor pode ajudar a melhorar na interferência do sono relacionada à dor (PRSI) devido à relação entre a dor e o sono: os distúrbios do sono costumam ser uma consequência da diminuição da dor e o sono pode aumentar a dor.

Condições dolorosas, incluindo pDPN, podem ser tratadas de maneira mais efetiva se o enfoque da dor for também relacionado com o sono. Apesar de não ser indicada para o tratamento de distúrbios do sono relacionados à dor, a pregabalina demonstrou melhorar as avaliações relatadas pelo paciente sobre a qualidade do sono em pDPN, com melhorias evidentes após 1 semana de tratamento.

Ainda que o mecanismo de ação não esteja completamente esclarecido, é provável que as respostas observadas com pregabalina em pacientes com neuropatia periférica diabética dolorosa (pDPN) resultem da ligação α2-δ em uma região do sistema nervoso que regula a dor e o sono. Estudos pré-clínicos de lesão nervosa ligaram a pregabalina a uma redução na liberação pré-sináptica de ácido gama-aminobutírico (GABA) no locus coeruleus, o principal núcleo noradrenérgico do cérebro, levando à ativação do sistema inibidor da dor noradrenérgica descendente.

Os neurônios noradrenérgicos que se projetam do locus coeruleus também estão envolvidos na manutenção do sono de ondas lentas. É sugerido que a lesão nervosa leva à desregulação das atividades dos neurônios noradrenérgicos por interneurônios GABAérgicos e pode ser responsável por distúrbios do sono. Isso pode explicar como o uso de pregabalina para restaurar a sinalização noradrenérgica pode melhorar a dor e o PRSI em pacientes com pDPN.

Em contraste com a ideia de que a intensidade da dor basal é um bom preditor de quão bem os pacientes respondem à pregabalina para o tratamento de alívio da dor e distúrbios do sono, a intensidade da dor não pareceu fazer uma diferença clinicamente significativa na melhora geral do estado de saúde global; não foram observadas diferenças significativas na porcentagem de PGIC entre as coortes de dor moderada e intensa.

Correlações positivas entre dor, sono e PGIC são bem documentadas em estudos de dor crônica com pregabalina. Dados agrupados de 10 ensaios clínicos controlados por placebo de pregabalina mostraram uma alta correlação entre a mudança percentual na intensidade da dor e PGIC, independentemente da dor basal, enquanto pontuações basais mais altas exigiram maiores reduções brutas na dor para representar melhora.

As complexidades envolvidas com a medição global da eficácia justificam a necessidade de explorar mais a associação entre a intensidade da dor inicial e PGIC, como uma função da resposta percebida ao tratamento.

Conclusões 

  • A pregabalina foi eficaz e, em geral, bem tolerada como tratamento para a dor, o sono e a melhora global geral do paciente em pacientes com neuropatia periférica diabética dolorosa (pDPN) com dor inicial moderada e severa.
  • Os pacientes com dor severa tiveram uma maior resposta terapêutica a pregabalina do que os pacientes com níveis de dor moderada.
  • Por isso, a presença de dor severa no início do estudo pode ser um preditor útil dos pacientes que provavelmente respondem bem a pregabalina para o tratamento da dor e alterações do sono.