Introdução |
A atividade física é essencial para promover um estilo de vida saudável e proporcionar benefícios significativos à saúde, incluindo a prevenção de doenças cardiovasculares e diabetes tipo II. A não prática pode ter impactos adversos consideráveis nos tecidos articulares.
Dada a relevância do exercício para a saúde global e a prevenção de doenças, especialmente no que diz respeito às articulações, torna-se necessário avaliar abordagens terapêuticas que protejam esse tecido contra os potenciais efeitos prejudiciais do exercício, contribuindo também para a redução da dor e da rigidez resultantes desse contexto.
Nesse sentido, reconhecendo a aparente sensibilidade da cartilagem articular ao aumento da tensão nas mulheres pós-menopausa, Ruff e colaboradores (2018) conduziram um ensaio clínico randomizado. O objetivo foi avaliar os efeitos da Membrana de Casca de Ovo (na sua sigla em inglês, ESM) na dor articular induzida pelo exercício, na rigidez e na renovação da cartilagem em mulheres saudáveis pós-menopausa.
Eggshell Membrane (ESM) A membrana da casca do ovo (EMS), situada entre a casca calcificada e a clara nos ovos de galinha, é predominantemente constituída por proteínas fibrosas, tais como o colágeno tipo I, juntamente com outros componentes bioativos. Há conhecimento de que diminui a expressão de diversas citocinas pró-inflamatórias, incluindo os principais mediadores da inflamação, como interleucina-1 beta (IL-1β) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α). |
Participantes e métodos |
De um total de 172 mulheres na pós-menopausa submetidas a triagem, 60, com idades entre 44 e 74 anos, foram selecionadas, randomizadas e designadas para o grupo de tratamento (n=30) ou para o placebo (n=30). As participantes não apresentavam histórico de osteoartrite (OA), artrite reumatoide (AR) ou outras condições inflamatórias no tecido conjuntivo. Ao longo do estudo, ambos os grupos foram orientados a evitar o uso de medicamentos prescritos ou de venda livre (OTC) para dor, suplementos de suporte para articulações e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). Além disso, foram submetidas a exames médicos para garantir que estivessem suficientemente saudáveis para realizar exercícios moderados.
O grupo de tratamento recebeu instruções para tomar uma única cápsula de 500mg de ESM todas as manhãs antes do café da manhã, enquanto o grupo placebo consumiu uma cápsula semelhante em aparência, odor e sabor, no mesmo horário. O programa de exercícios consistiu em realizar de 50 a 100 passos em um exercício aeróbico em dias alternados durante duas semanas consecutivas.
Resultados |
O resultado primário medido para o estudo foi a alteração na renovação e degradação da cartilagem induzida pelo exercício, avaliada através do biomarcador CTX-II.
A suplementação com ESM produziu uma resposta significativa ao tratamento em 1 (-17,2%) e 2 semanas (-9,9%) de exercício, em comparação com o placebo. A dor de recuperação (dor 12 horas após o exercício) foi significativamente diferente da do placebo do dia 8 ao dia 14, enquanto a imediata não foi significativamente diferente. Tanto a rigidez articular imediata quanto a de recuperação tiveram tendências gerais significativamente diferentes em relação ao placebo; no entanto, estes efeitos só foram observados em determinados dias durante o período de estudo de 2 semanas. Para o grupo de tratamento, tanto a dor de recuperação como a rigidez quase retornaram aos níveis de repouso no dia 14, e ambas foram significativamente mais baixas do que no grupo placebo.
Apesar das diferenças estatisticamente significativas nos níveis de CTX-II em comparação com o placebo, os autores acreditaram ser difícil determinar a relevância clínica desses resultados. O CTX-II, um biomarcador amplamente reconhecido para a renovação da cartilagem, está associado à incidência e progressão da OA e danos estruturais na artrite reumatoide (AR).
Conclusão O exercício pode gerar desconforto e dor a curto prazo, enquanto simultaneamente pode aumentar a renovação da cartilagem articular ao retomar a atividade física após longos períodos de inatividade. Esses efeitos tendem a ser autolimitados, uma vez que a cartilagem, como outros tecidos, se adapta ao exercício. Contudo, pesquisas futuras são necessárias para validar de forma mais abrangente o papel clínico na abordagem direta dos níveis de CTX-II. Assim, o uso da ESM pode se tornar mais atrativo e potencialmente valioso no tratamento e prevenção de condições articulares degenerativas e inflamatórias. |