Estudo randomizado controlado

Rosuvastatina retarda a progressão da Espessura Íntima-Média das Artérias Carótidas

O estudo METEOR-China avaliou a progressão da aterosclerose em chineses

Autor/a: Zheng, H. et. al (2023)

Fuente: https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/STROKEAHA.120.031877

Introdução

As doenças cardiovasculares (DVCs) ateroscleróticas são responsáveis pela principal taxa de mortalidade global. Na China, é previsto um aumento na incidência e prevalência de DCV devido à expansiva e crescente população. Cerca de um terço dos adultos chineses com idade ≥40 anos apresenta placas ateroscleróticas nas artérias carótidas, com a prevalência aumentando conforme a idade avança.

A prevenção do desenvolvimento da aterosclerose e de eventos cardiovasculares subsequentes envolve primariamente o controle dos níveis elevados de colesterol, especialmente por meio do uso das estatinas. Evidências indicaram que os benefícios desses medicamentos no combate à aterosclerose são mais evidentes em populações não asiáticas, possivelmente devido a diferenças genéticas que impactam a farmacocinética das estatinas.

O estudo Measuring Effects on Intima-Media Thickness: An Evaluation of Rosuvastatin (METEOR), que não incluiu participantes chineses, revelou que o tratamento com 40 mg/dia de rosuvastatina estava associado a reduções significativas na taxa de progressão da espessura íntima-média (EIM) das artérias carótidas ao longo de dois anos em pessoas de meia-idade com aterosclerose subclínica leve a moderada.

Com base nisso, Zheng e colaboradores (2022) conduziram o estudo METEOR-China, com o intuito de ampliar a base de evidências para o tratamento com rosuvastatina das DCVs direcionado à população chinesa, utilizando a dose mais elevada aprovada (20 mg/dia) na China. O estudo avaliou a progressão da aterosclerose, estimada por medidas de EIM, por meio do tratamento com rosuvastatina ou placebo em indivíduos chineses assintomáticos.

Métodos

O estudo, conduzido de maneira randomizada, duplo-cega, controlada por placebo, multicêntrica e em grupos paralelos, investigou os impactos da administração diária de 20mg de rosuvastatina em comparação com o placebo na evolução da espessura íntima-média das artérias carótidas ao longo de 104 semanas em indivíduos chineses portadores de aterosclerose subclínica.

A avaliação principal foi conduzida por meio da taxa anualizada de alteração na média das medidas máximas de EIM, obtidas em sete momentos durante o período do estudo em cada um dos 12 locais das artérias carótidas (paredes próximas e distantes da artéria carótida comum direita e esquerda, bulbo carotídeo e artéria carótida interna). Os pontos secundários abrangeram mudanças na EIM em diferentes locais das artérias, bem como alterações nos parâmetros lipídicos, enquanto a segurança do tratamento também foi minuciosamente avaliada.

Resultados

Os participantes foram aleatoriamente designados (1:1) para receber rosuvastatina (n=272) ou placebo (n=271). As características iniciais foram equilibradas entre os dois grupos. A mudança na média da espessura íntima-média máxima dos 12 locais carotídeos foi de 0,0038 mm/ano (IC 95%, -0,0023–0,0100) para o grupo que recebeu rosuvastatina, em comparação com 0,0142 mm/ano (IC 95%, 0,0080–0,0204) para o placebo, resultando em uma diferença de -0,0103 mm/ano (IC 95%, -0,0191 a -0,0016; P=0,020). Em relação aos desfechos secundários da espessura íntima-média carotídea (CIMT), os resultados foram, em geral, coerentes com o desfecho principal. Houve melhorias clinicamente relevantes nos parâmetros lipídicos com o uso de rosuvastatina. O perfil de eventos adversos observado foi consistente com o perfil de segurança conhecido do fármaco.

Discussão e conclusão

O estudo conduzido por Zheng e colaboradores (2022) revelou que a administração de rosuvastatina em uma dose de 20mg por dia, em uma população chinesa com baixo risco de doença cardiovascular, resultou em uma notável desaceleração na progressão da espessura íntima-média das artérias carótidas, em comparação com o uso de placebo. Observaram-se melhorias clinicamente relevantes nos parâmetros lipídicos, alinhadas com os efeitos já conhecidos da rosuvastatina. Além disso, o tratamento foi bem tolerado, conforme evidenciado pelo perfil de segurança estabelecido.

As principais discrepâncias entre os estudos METEOR-China e METEOR-global residiram na composição da população (exclusivamente chinesa versus ausência de participantes chineses) e na dosagem administrada (20mg/dia, a maior permitida na China, versus 40mg/dia). Apesar dessas diferenças, ambos os estudos apresentaram resultados semelhantes ao retardar significativamente a progressão da espessura íntima-média em comparação com o placebo. Os resultados foram os seguintes: METEOR global, -0,0145 mm/ano (IC 95%, -0,0196 a -0,0093); METEOR-China, -0,0103 mm/ano (IC 95%, -0,0191 a -0,0016).

O desenho e a análise do estudo METEOR-China incorporaram diversas medidas para minimizar proativamente erros de medição e confusão residual, incluindo a utilização de um grupo de placebo, a inclusão de uma população chinesa clinicamente relevante, medidas objetivas e cegas da espessura íntima-média analisadas por leitura em lote, o uso de laboratórios centrais para análises e controle de qualidade extensivo, incluindo treinamento rigoroso para sonografistas e leitores. Contudo, é importante observar que os resultados podem ter uma aplicação limitada devido à intencional restrição da diversidade étnica e racial dos participantes do estudo.

Em resumo, a administração de rosuvastatina na dose de 20mg/dia demonstrou ser eficaz na redução significativa da progressão da espessura íntima-média em adultos chineses com aterosclerose subclínica, além de ser bem tolerada.