Anos atrás, DeepMind surgiu como uma empresa de investigação de inteligência artificial, que em 2016 foi comprada pela Google. O programa deste projeto conquistou o campo da tecnologia depois que se verificou que ele era capaz de prever as estruturas 3D de quase todas as proteínas catalogadas como conhecidas.
Os pesquisadores da empresa, junto com o Laboratório Europeu de Biologia Molecular, passaram o último ano utilizando AlphaFold para ampliar a base de dados da empresa a mais de 200 milhões de estruturas de proteínas e colocá-las a disposição do público. Diante disso, o CEO Demis Hassabis disse que o banco de dados expandido cobria "todo o universo das proteínas" e tornaria tão fácil pesquisar uma estrutura de proteína em 3D quanto digitar "uma palavra-chave de pesquisa no Google".
“Creio que estamos no começo de uma nova era da biologia digital em que a IA e os métodos computacionais podem ajudar a compreender e modelar importantes processos biológicos”, anunciou Hassabis.
Ao serem microscópicas, as proteínas compõem os seres humanos, animais, plantas e organismos microscópicos, se reorganizam constantemente e dificultam o seguimento de seus movimentos. De fato, muitos cientistas dedicaram suas carreiras a entender esse comportamento, e aqueles que são previsíveis são controláveis.
No campo da Medicina, a manipulação de proteínas poderia servir para evitar que um paciente desenvolva doenças neurodegenerativas como o Alzheimer e evitar os efeitos secundários de seu tratamento. Por outro lado, os climatologistas poderiam criar enzimas úteis para decompor os plásticos de uma forma mais rápida, reduzindo seu impacto no ambiente.
Atualmente, os pesquisadores da Universidade de Oxford estão utilizando AlphaFold para desenvolver uma nova vacina que combate malária, e cientistas de Harvard estão utilizando o programa para compreender melhor o comportamento das células humanas.
Enquanto isso, Pushmeet Kohli, chefe de IA para Ciência da DeepMind, explicou: "Acreditamos que o AlphaFold é a contribuição mais significativa que a IA fez para o avanço do conhecimento científico até o momento, ajudando-nos a entender melhor a nós mesmos e ao mundo". “É uma verdadeira alegria ver tantos dados abertos e acessíveis para todos explorarem e aproveitarem”, concluiu.