O cerebelo é conhecido principalmente pela regulação do movimento. No entanto, pesquisadores da Universidade de Basel descobriram que essa parte do cérebro também desempenha um papel importante na lembrança de experiências emocionais.
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Significado A memória aprimorada para estímulos emocionais é crucial para a sobrevivência, mas também pode contribuir para o desenvolvimento e manutenção de distúrbios relacionados ao medo no caso de experiências altamente aversivas. O estudo desenvolvido por Fastenrath e colaboradores (2022) de imagem cerebral funcional em larga escala identificou o cerebelo e as conexões cerebelar-cerebelar envolvidas no fenômeno da memória superior para informações visuais emocionalmente excitantes. Esses achados ampliaram o conhecimento sobre o papel do cerebelo em processos cognitivos e emocionais complexos e podem ser relevantes para a compreensão de transtornos psiquiátricos com circuitos emocionais aberrantes, como transtorno de estresse pós-traumático ou transtorno do espectro autista. |
Resumo
A informação emocional é mais lembrada do que a informação neutra. Extensas evidências indicaram que a amígdala e suas interações com outras regiões do cérebro desempenham um papel importante no efeito de aumento da memória da excitação emocional. Embora o cerebelo esteja envolvido no condicionamento do medo, seu papel no aprimoramento emocional da memória episódica é menos claro. Para resolver esse problema, Fastenrath e colaboradores (2022) usaran uma abordagem de fMRI de todo o cérebro em 1.418 participantes saudáveis. Primeiro, identificaram grupos significativamente ativados durante a codificação aprimorada pela memória de imagens emocionais negativas e positivas.
Além das regiões cerebrais conhecidas relacionadas à memória emocional, identificaram um grupo no cerebelo. Em seguida, usaram modelos causais dinâmicos e identificaram várias conexões cerebelares com força de conexão aumentada correspondendo a memória emocional aprimorada, incluindo uma para um grupo cobrindo a amígdala e o hipocampo e conexões bidirecionais para um grupo cobrindo o córtex cingulado anterior. As descobertas indicaram que o cerebelo é parte integrante de uma rede envolvida no aprimoramento emocional da memória episódica.
Figura 1: O cerebelo (ativação em vermelho) se comunica com várias áreas do cérebro (ativação em verde) para aumentar o armazenamento de informações emocionais.
Comentários
As experiências emocionais positivas e negativas são armazenadas particularmente bem na memória. Esse fenômeno é importante para nossa sobrevivência, pois precisamos nos lembrar de situações perigosas para evitá-las no futuro. Estudos anteriores mostraram que uma estrutura cerebral chamada amígdala, importante no processamento de emoções, desempenha um papel central nesse fenômeno. As emoções ativam a amígdala, que por sua vez facilita o armazenamento de informações em várias áreas do cérebro.
A pesquisa atual, liderada pelo professor Dominique de Quervain e pelo professor Andreas Papassotiropoulos da Universidade de Basel, investiga o papel do cerebelo no armazenamento de experiências emocionais. Em um estudo em larga escala, os pesquisadores mostraram imagens emocionais e neutras para 1.418 participantes e registraram a atividade cerebral dos sujeitos usando ressonância magnética.
Em um teste de memória posterior, os participantes lembraram mais das imagens positivas e negativas do que as imagens neutras. O armazenamento aprimorado de imagens emocionais foi associado ao aumento da atividade cerebral em áreas cerebrais já conhecidas por desempenhar um papel. No entanto, a equipe também identificou aumento da atividade no cerebelo.
O cerebelo em comunicação com o cérebro
Os pesquisadores também foram capazes de mostrar que o cerebelo demonstrou uma comunicação mais forte com várias áreas do cérebro durante o processo de armazenamento aprimorado de imagens emocionais. Ele recebe informações do giro cingulado, região do cérebro que é importante na percepção e avaliação dos sentimentos. Além disso, o cerebelo envia sinais para várias regiões do cérebro, incluindo a amígdala e o hipocampo. Este último desempenha um papel central no armazenamento de memória.
"Esses resultados indicaram que o cerebelo é um componente integral de uma rede responsável pelo armazenamento aprimorado de informações emocionais", diz de Quervain. Embora uma memória aprimorada para eventos emocionais seja um mecanismo crucial de sobrevivência, ela tem suas desvantagens: no caso de experiências muito negativas, pode levar à ansiedade recorrente. Isso significa que as descobertas, que agora foram publicadas, também podem ser relevantes para a compreensão de condições psiquiátricas, como transtorno de estresse pós-traumático.