A literatura científica sugere que o aumento do risco de infarto do miocárdio (IM) e doença cardiovascular aterosclerótica não tem relação com o colesterol LDL elevado em pacientes com mais de 70 anos. Neste cenário, um estudo conduzido pelos pesquisadores Mortensen e Nordestgaard investigou essa hipótese em uma população contemporânea de indivíduos com idade entre 70-100 anos.
Para isso, mais de 90.000 adultos foram estudados, não apresentando no período basal doença cardiovascular aterosclerótica (ASCVD) ou diabetes, isentos do tratamento com estatinas. Durante o acompanhamento de cerca de 8 anos, ocorreram aproximadamente 1.500 primeiros infartos do miocárdio e 3.400 eventos de ASCVD. Observou-se que os riscos de IM e ASCVD elevaram-se com o aumento do nível de colesterol LDL em todas as faixas etárias, inclusive a faixa etária de 70 anos ou mais. Um total de 80 adultos na faixa etária de 80-100 anos - e 145 adultos com 70-79 anos - precisariam receber o tratamento com estatina de intensidade moderada por 5 anos a fim de prevenir um IM. Em relação ao ASCVD, os números necessários para tratar eram 42 e 88, respectivamente. Os números necessários para tratar eram muito maiores nas faixas etárias mais jovens.
Uma metanálise posterior que incluiu estudos de prevenção primária e secundária, demonstrou que o tratamento com estatinas, ezetimiba ou inibidores de PCSK9, levou a redução do colesterol LDL e reduziu expressivamente o risco de eventos vasculares em adultos de todas as idades, sem diferença observada entre aqueles com 75 anos ou mais e adultos mais jovens. Esses dados são importantes para estratégias preventivas destinadas a reduzir a carga de infarto do miocárdio e doença cardiovascular aterosclerótica na crescente população mais idosa (70-100 anos).
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