Correlação de tosse e IVAS na pediatria

Os mecanismos e as causas da tosse na criança diferem das do adulto e, por esse motivo, é necessária uma diferente abordagem diagnóstica e terapêutica.

Indice
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2. Referências bibliográficas

A tosse é um dos principais motivos de consulta em Pediatria e as infecções de vias aéreas superiores (IVAS) na infância são responsáveis por elevada demanda na busca de assistência médica, com acentuado impacto econômico, elevado absenteísmo nas atividades escolares e alta morbimortalidade. Além disso, as IVAS tendem a reaparecer seis a dez vezes por ano na faixa etária pré-escolar. Sua etiologia é multifatorial, sendo as causas virais as mais comuns, porém muitas vezes há associação com quadros alérgicos. Entre os sintomas, a tosse se destaca, o que torna correto diagnóstico um desafio para o pediatra, vez que, sobretudo no caso de tosses subagudas e crônicas, diversos quadros clínicos podem estar presentes.

Os mecanismos e as causas da tosse na criança diferem das do adulto e, por esse motivo, é necessária uma diferente abordagem diagnóstica e terapêutica1-4.

 

Impacto da tosse na infância5:
  • No sono da criança, performance escolar e brincadeiras;
  • No sono da família, gerando ansiedade;
  • Econômico: gerando não apenas um aumento do número de faltas escolares, como também das faltas dos pais no trabalho.

 

CAUSAS MAIS FREQUENTES DE TOSSE NA PEDIATRIA6

Até os 2 anos

  • IVAs
  • Asma
  • DRGE
  • Tabagismo passivo
  • Poluição
  • Malformações congênitas
  • Anomalias cardiovasculares

3 a 6 anos

  • Rinossinusite
  • Asma
  • IVAS
  • Corpo estranho em vias aéreas
  • DRGE
  • Otites
  • Tabagismo passivo

7 a 12 anos

  • Asma
  • Rinossinusite
  • IVAS
  • Tabagismo passivo
  • Psicogênica

 

 

13 a 19 anos

  • Asma
  • Rinossinusite
  • Tabagismo
  • Psicogênica
  • Tuberculose

 

 

 

 

TRATAMENTO DA TOSSE PRODUTIVA
Classe dos agentes terapêuticosMecanismo de ação
MucolíticosFluidificam o muco viscoso pela ruptura direta dos polímeros da fase gel
Secretolíticos (expectorantes)Aumentam o volume das secreções das vias aéreas
MucorreguladoresReduzem o volume de muco e diminuem a secreção da mucina
Secretomotores (mucocinéticos)Aumentam a atividade ciliar ou a eficiência do reflexo tussígeno
SurfactanteDiminuem a adesividade do muco
BroncodilatadoresAumentam o efeito beta-adrenérgico sobre a musculatura lisa, reduzindo o Ca intracelular e relaxando a musculatura brônquica

No Brasil, há cerca de uma década, foi introduzido um fitoterápico – extrato de Hedera helix EA 575 – cujo mecanismo de ação foi elucidado por Habërlein et al., tanto por estudos biológicos quanto biofísicos8.

Esses estudos demonstraram que o estrato EA 575 da Hedera helix apresenta um efeito beta simpaticomimético nas células alveolares, provocando aumento da secreção de surfactantes, o que leva a maior fluidificação do muco, facilitando sua eliminação pelo mecanismo da produção de tosse. Atua ainda sobre as células da musculatura brônquica diminuindo a concentração de cálcio, acarretando broncodilatação. Assim, o extrato EA 575 da Hedera helix tem efeito secretor e broncodilatador. Diversos estudos comprovam a eficácia da Hedera helix no tratamento das doenças respiratórias9,10.

Lang C et al. realizaram um estudo transversal, aberto, não placebo controlado, elaborado com objetivo de avaliar a eficácia do tratamento com extrato EA 575 de Hedera helix em crianças escolares que apresentavam tosse. Foram avaliados parâmetros pulmonares, bem como tolerabilidade e adesão ao tratamento. O desenho do estudo incluiu uma população de 1.088 crianças escolares e 201 pediatras, tendo sido avaliada a percepção do resultado do tratamento tanto pelas próprias crianças quanto por seus pais, que registravam a progressão dos sintomas em diários. Nesse estudo também foi possível detectar melhora da tosse em pacientes com tosse seca (queda de 46% para 10,6% dos pacientes com tosse seca). Tal resultado fez com que os autores sugerissem a possibilidade de se tratar de paciente sofrendo algum grau de broncoconstrição e que melhoraram pela ação broncodilatadora do extrato EA 575. Outro resultado importante desse estudo foi que não houve diferenças nos resultados entre os pacientes que usaram medicações concomitantes (analgésicos, antibióticos) e os que não usaram. Os autores comprovaram a eficácia e a tolerabilidade do extrato EA 575 na terapêutica da tosse em crianças, além da excelente adesão dos pacientes ao tratamento¹¹.