Experiência em Nova York

Elevação do segmento ST em pacientes com Covid-19: série de casos

Lesão miocárdica com elevação do segmento ST foi observada em pacientes com doença de coronavírus 2019 (Covid-19).

Autor/a: Sripal Bangalore, M.D., M.H.A., Atul Sharma, M.D., Alexander Slotwiner, M.D., et al.

Fuente: ST-Segment Elevation in Patients with Covid-19 — A Case Series

Foi observado lesão miocárdica com elevação do segmento ST em pacientes com doença de coronavírus 2019 (Covid-19). Aqui, descrevemos nossa experiência no mês inicial do surto de Covid-19 na cidade de Nova York.

Pacientes com Covid-19 confirmado e com supradesnivelamento do segmento ST na eletrocardiografia foram incluídos no estudo de seis hospitais de Nova York.

Presume-se que pacientes Covid-19 que apresentavam doença não obstrutiva na angiografia coronariana ou movimento normal da parede ao ecocardiograma na ausência de angiografia apresentassem lesão miocárdica não coronariana.

Foram identificados 18 pacientes com Covid-19 que apresentavam supradesnivelamento do segmento ST, indicando possível infarto agudo do miocárdio.

Exemplo, ECG do paciente 4

A idade média dos pacientes foi de 63 anos, 83% eram homens e 33% apresentavam dor no peito no momento da elevação do segmento ST.

Um total de 10 pacientes (56%) apresentou elevação do segmento ST na apresentação e os outros 8 pacientes desenvolveram elevação do segmento ST durante a hospitalização (mediana, 6 dias).

Dos 14 pacientes (78%) com elevação focal do segmento ST, 5 (36%) apresentavam fração de ejeção do ventrículo esquerdo normal, dos quais 1 (20%) apresentava anormalidade regional do movimento da parede; Oito pacientes (57%) apresentaram fração de ejeção do ventrículo esquerdo reduzida, dos quais 5 (62%) apresentaram anormalidades nos movimentos regionais da parede. (Um paciente não fez ecocardiograma).

Dos 4 pacientes (22% da população em geral) com supradesnivelamento difuso do segmento ST, 3 (75%) apresentavam fração de ejeção do ventrículo esquerdo normal e movimentação normal da parede; 1 paciente apresentou fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 10% com hipocinesia global.

Um total de 9 pacientes (50%) foi submetido a angiografia coronariana; 6 desses pacientes (67%) apresentavam doença obstrutiva e 5 (56%) foram submetidos a intervenção coronária percutânea (1 após a administração de agentes fibrinolíticos).

Os 8 pacientes (44%) que receberam diagnóstico clínico de infarto do miocárdio apresentaram níveis médios mais altos de troponina e dímero-d que os 10 pacientes (56%) com lesão miocárdica não coronariana.

Um total de 13 pacientes (72%) faleceu no hospital (4 pacientes com infarto do miocárdio e 9 com lesão miocárdica não coronariana).

Nesta série de pacientes Covid-19 com elevação do segmento ST, houve variabilidade na apresentação, alta prevalência de doença não obstrutiva e prognóstico desfavorável.

Metade dos pacientes foi submetida a angiografia coronariana, dos quais dois terços apresentavam doença obstrutiva.

Vale ressaltar que todos os 18 pacientes apresentaram níveis elevados de d-dímero. Por outro lado, em um estudo anterior envolvendo pacientes com infarto do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST, 64% apresentavam níveis normais de dímero-d.

Tempo de elevação do segmento ST, tempo de permanência e curso

Observe que a angiografia coronariana com ou sem ICP no momento das elevações do segmento ST (exceto o paciente 5). Paciente n° 5 recebeu terapia trombolítica no momento da elevação do segmento ST e foi submetido à ICP um dia depois.

  • A lesão do miocárdio em pacientes com Covid-19 pode ser causada por ruptura da placa, tempestade de citocinas, lesão hipóxica, espasmo coronariano, microtrombos ou lesão endotelial ou vascular direta.
     
  • O edema intersticial do miocárdio foi demonstrado na ressonância magnética nesses pacientes.