Os autores iniciam o texto ressaltando a elevada prevalência de insônia na população, atingindo aproximadamente 30% dos indivíduos. Em pacientes com transtornos psiquiátricos não hospitalizados, essas taxas atingem 43%; já entre os que estão em regime de internação, esse índice sobre para 67%. O sono ruim pode ser um sintoma, um prenúncio ou uma comorbidade quando se trata de transtornos psiquiátricos, especialmente no transtorno depressivo e nos transtornos de ansiedade.
Sabe-se que a quetiapina em doses baixas se liga aos receptores histaminérgicos H1 e serotoninérgicos 5-HT2C, induzindo efeitos sedativos e, assim, sendo um agente eficaz no tratamento da insônia.
Os autores realizaram revisão sistemática e metanálise que incluíram 21 estudos clínicos, com o objetivo de avaliar a eficácia da quetiapina em doses baixas na melhora da qualidade do sono em indivíduos com e sem transtornos psiquiátricos.
A quetiapina se associou à melhora significativa da qualidade do sono em comparação ao placebo (diferença média padronizada [DMP]: -0,57; intervalo de confiança [IC] 95%: -0,75 a -0,40).
A quetiapina promoveu melhora significativa do sono em pacientes com transtorno de ansiedade (DMP: - 0,59; IC 95%: -0,92 a -0,27) e transtorno depressivo maior (DMP: -0,47; IC 95%: -0,66 a -0,28), assim como em indivíduos saudáveis (DMP: -133; IC 95%: -2,12 a -0,54), em comparação ao placebo. A quetiapina aumentou significativamente o tempo total de sono quando comparada ao placebo.
Os autores concluíram que a quetiapina em doses baixas é eficaz no tratamento da insônia e também como um fármaco ansiolítico e antidepressivo, podendo ser utilizadas em idosos com transtorno depressivo maior ou transtorno de ansiedade generalizada.