Uma mulher recebeu um diagnóstico positivo do vírus da imunodeficiência humana (HIV), no entanto, a mesma não relatou uso de drogas injetáveis, transfusões de sangue ou contato sexual recente com alguém além de seu parceiro atual, cujo resultado havia sido negativo. No entanto, ela havia sido submetida ao procedimento de microagulhamento com plasma rico em plaquetas (PRP) em um spa alguns meses antes. Esse envolve a retirada de sangue do cliente, separando-o em plasma e células, e utilizando equipamentos descartáveis de uso único ou equipamentos estéreis de uso múltiplo para injetar o PRP no rosto para fins estéticos, como rejuvenescimento da pele e redução da aparência de cicatrizes de acne.
Assim, o New Mexico Department of Health (NMDH) e o Center for Disease Control and Prevention (CDC) investigaram os serviços de injeção cosmética como uma possível via de transmissão do HIV. O período de busca ativa de casos foi da primavera de 2018, quando a paciente recebeu o procedimento, até o outono do mesmo ano, quando o spa fechou. O proprietário operava sem as licenças apropriadas em vários locais e não possuía um sistema de agendamento de consultas que armazenasse informações de contato dos clientes.
A equipe identificou 59 pacientes em risco de exposição, incluindo 20 que receberam PRP com microagulhamento e 39 que receberam outros serviços de injeção. Os investigadores cruzaram a lista de clientes com o registro estadual de HIV e identificaram uma cliente que havia recebido o diagnóstico da doença em 2012.
Até a primavera de 2023, cinco pacientes haviam sido identificados, incluindo quatro mulheres e um homem que era parceiro sexual de uma delas e nunca recebeu serviços do spa. Amostras de sangue desses foram enviadas ao CDC para análise de sequência de nucleotídeos a fim de determinar a associação ao cluster e confirmar o status do caso. Todos foram confirmados como casos relacionados ao spa e todas do sexo feminino haviam sido submetidas ao microagulhamento com PRP.
No outono de 2018, uma inspeção no local do spa revelou várias práticas inseguras de controle de infecção. Tubos de sangue não rotulados e injetáveis médicos (ou seja,toxina botulínica e lidocaína) eram armazenados na geladeira da cozinha junto com alimentos. Seringas desembrulhadas foram encontradas em gavetas, em balcões e descartadas em latas de lixo comuns. O equipamento do procedimento era limpo superficialmente usando spray desinfetante de cloreto de amônio e lenços desinfetantes de cloreto de benzalcônio após cada visita do cliente, e as pontas descartáveis de dessecadores elétricos eram limpas por imersão em álcool e reutilizadas.
Como resposta, as agências realizaram ligações diretamente aos clientes conhecidos para incentivar testes para patógenos transmitidos pelo sangue. Várias Notificações de Alerta de Saúde foram enviadas a provedores no Novo México para perguntar aos pacientes com novos diagnósticos de infecção por HIV sobre os serviços de spa recebidos antes do diagnóstico. O NMDH publicou quatro comunicados de imprensa durante 2018-2023 com informações sobre testes gratuitos para clientes atuais e antigos do spa nos escritórios de saúde pública do estado. Além disso, organizou e divulgou eventos de teste para patógenos transmitidos pelo sangue para clientes atuais e antigos do spa via mídia social, rádio, jornal e televisão, tanto em inglês quanto em espanhol. Nenhuma infecção adicional por HIV foi identificada.
Sendo assim, o estudo de Stadelman-Behar e colaboradores (2024) destacou a importância de determinar possíveis novas fontes de transmissão de HIV entre pessoas sem fatores de risco conhecidos. Exigir práticas adequadas de controle de infecção em instalações de spa que oferecem serviços de injeção cosmética pode ajudar a prevenir essa transmissão e outros patógenos. A manutenção de registros dos clientes pode facilitar investigações em tais instalações.