Introdução |
A hidradenite supurativa (HS) é uma doença inflamatória multifatorial da pele. Fatores ambientais são implicados tanto no desenvolvimento quanto na progressão da enfermidade. Foi associada a comorbidades relacionadas à dieta como obesidade, síndrome metabólica e diabetes tipo 2.
Em outras doenças inflamatórias, a dieta foi reconhecida como um importante fator de risco para o desenvolvimento da enfermidade. No entanto, até o momento, o impacto do estilo de vida na HS não foi amplamente investigado
Por isso, Bouwman e colaboradores (2023) realizaram um estudo para avaliar o efeito da ingestão dietética e da atividade física (AF) no desenvolvimento da doença.
Métodos |
Um estudo de caso-controle foi realizado dentro do estudo longitudinal da coorte Lifelines, realizado no norte dos Países Baixos, que identificou 1.004 pacientes adultos elegíveis com HS e 5000 controles pareados por idade. Os dados dietéticos foram coletados usando um questionário validado de frequência alimentar, subsequentemente traduzidos para o Escore de Dieta Lifelines (LLDS), de Dieta Mediterrânea Alternada (aMED) e de Diretrizes Dietéticas Holandesas (DDG), sendo que as pontuações mais altas refletiram hábitos dietéticos mais saudáveis. A AF foi medida pelo Escore do Questionário Curto para Avaliar a Atividade Física Promotora de Saúde. Análises de regressão logística foram realizadas entre as pontuações dietéticas/AF e a prevalência/desenvolvimento e gravidade da HS.
Resultados |
Dos 1004 pacientes com HS incluídos, a idade média foi de 55,2 ± 12,3 anos, em comparação com 55,9 ± 12,2 anos no grupo de controle. Os pacientes com a enfermidade apresentaram um índice de massa corporal (IMC) médio significativamente maior (p < 0,001), com uma mediana de 26,1 kg/m2 em comparação com 25,3 kg/m2 no grupo controle e uma circunferência da cintura mediana maior de 90,5 cm versus 89,0 cm.
Em comparação com os controles, os pacientes com HS apresentaram pontuações mais baixas no LLDS. Indicando, globalmente, menor adesão às recomendações dietéticas e consumo de dieta de baixa qualidade na população com a patologia. Embora apresentassem uma ingestão calórica mediana menor, eles ingeriram menos proteínas, vegetais e carboidratos.
Os pacientes com HS consumiram menos produtos naturais não processados, peixe, frutas, legumes, nozes, laticínios não adoçados e produtos integrais. Além de uma ingesta menor de produtos açucarados, laticínios adoçados e álcool. Por outro lado, tiveram um consumo maior de alguns produtos processados, como os adoçados artificialmente e salgados.
Além disso, a menor adesão ao LLDS e DDG também foi significativamente associada a uma maior probabilidade de desenvolvimento de HS na análise de regressão univariada, e foi observada uma tendência de diminuição na adesão ao aMED. Além disso, os níveis de AF foram significativamente mais baixos em pacientes com a doença (p ≤ 0,001).
Conclusão |
Baixa qualidade da dieta e menores níveis de atividade física foram associados à HS na população geral. Os achados sugeriram que modificações nos fatores de estilo de vida, como a dieta, podem reduzir o risco da doença especificamente e o risco de IMIDs em geral. Pesquisas futuras de intervenção são necessárias para elucidar firmemente a associação entre estilo de vida e o desenvolvimento e curso da patologia.