Diagnóstico e tratamento

Doença mão-pé-boca em adultos causada por Coxsackievírus B1B6

Houve um aumento no número de casos em adultos com apresentação clínica atípica

Autor/a: Prinzio et al.

Fuente: Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 97, n. 3, p. 321-325, 2020 Doença mão-pé-boca em adultos causada por Coxsackievírus B1B6

A doença mão‐pé‐boca (DMPB) é doença por Rickettsia frequentemente causada por vírus da família Picornaviridae, gênero enterovírus humano. Coxsackievírus (CA) A16 e Enterovírus (EV) 71 são os mais frequentemente isolados. Em 97% dos casos, a DMPB afeta crianças menores de 10 anos.

A DMPB tem taxa de infecção alta. A transmissão de pessoa para pessoa ocorre através do contato direto com secreção nasal, saliva, fezes ou objetos contaminados. A doença geralmente aparece na forma de surtos epidêmicos na primavera, verão ou início do outono.

O período de incubação é de três a seis dias. Depois de entrar em contato, o vírus se implanta na mucosa oral ou do íleo, espalhando‐se para o sangue. Após 24 horas, espalha-se para o tecido linfático e diferentes órgãos. A sua eliminação respiratória pode persistir por três semanas, e a digestiva, por oito.

Na maioria dos casos, principalmente em crianças, a DMPB apresenta‐se como enantema, pápulas e/ou bolhas nas mãos e nos pés, que podem desaparecer em uma a duas semanas.

Nos adultos, a doença viral é incomum. No entanto, um aumento de casos com apresentação clínica atípica e um diagnóstico difícil foram observados nessa faixa etária nos últimos anos.

As manifestações em adultos são diferentes das observadas em crianças, pois podem apresentar‐se como bolhas e erupções cutâneas purpúricas, mais frequentemente graves e extensas.

Na cavidade oral, pode apresentar lesões que variam de enantema com bolhas a úlceras que podem acometer qualquer área da mucosa oral.

A erupção papulovesicular afeta as mãos (dorso dos dedos, área interdigital, palmas das mãos) e os pés (parte superior dos dedos dos pés, bordas laterais dos pés, solas e calcanhares). Geralmente, é assintomática e aparece após as lesões orais. Em adultos, as manifestações podem se estender além dessas localizações, atingindo o dorso das mãos e a parte superior dos pés, membros, tronco, glúteos, região peribucal e couro cabeludo.

O diagnóstico de DMPB é tipicamente baseado em características clínicas. No entanto, em adultos e em casos de manifestações atípicas, geralmente são necessários estudos complementares para permitir a confirmação viral e descartar outros diagnósticos diferenciais. As sorologias de IgM e IgG devem ser solicitadas nos dias 0 e 15 para avaliar a soroconversão.

A biópsia de pele não é necessária para um diagnóstico preciso, mas é muito útil para descartar diagnósticos diferenciais. Na histopatologia, são observadas bolhas intraepidérmicas com conteúdo de neutrófilos, células mononucleares e material proteináceo eosinofílico. Também são observadas espongiose, degeneração reticular da camada granulosa e da parte superior do estrato espinhoso, necrose em massa de ceratinócitos, exocitose de neutrófilos e degeneração hidrópica da camada basal.

O tratamento é sintomático. O paciente diagnosticado com DMPB é potencialmente contagioso enquanto apresentar lesões cutâneas. Portanto, devem ser excluídos das atividades de grupo e escolares até que a febre e as lesões da pele e mucosas desapareçam. Além disso, como medida preventiva, também é recomendado não compartilhar objetos ou utensílios e lavar as mãos meticulosamente para impedir a disseminação da doença.