Saúde geral

Cessação do tabagismo e mortalidade a curto e longo prazo

Parar de fumar em qualquer idade, especialmente em idades mais jovens, reduziu a mortalidade excessiva global e das principais doenças atribuíveis ao tabagismo

Autor/a: Cho ER, Brill IK, Gram IT, Brown PE, Jha P.

Fuente: NEJM Evid. 2024 Mar;3(3):EVIDoa2300272. doi: 10.1056/EVIDoa2300272. Epub 2024 Feb 8. PMID: 38329816. Smoking Cessation and Short- and Longer-Term Mortality

Introdução

O tabagismo continua sendo uma causa importante de morte prematura em todo o mundo, sendo responsável por 5 a 7 milhões de óbitos anualmente. O considerável número de adultos que pararam de fumar nas últimas décadas oferece uma oportunidade para documentar a extensão na qual a cessação reduz as taxas de mortalidade das várias doenças atribuíveis ao tabaco.

A cessação até os 40 anos de idade evita 90% do risco de mortalidade ao longo da vida atribuível ao tabagismo. No entanto, a extensão e a rapidez com que reduz as taxas de mortalidade contemporâneas de doenças relacionadas ao tabaco permanecem incertas

Por isso, Cho e colaboradores (2024) quantificaram os potenciais benefícios da cessação do tabagismo por idade, sexo e tempo decorrido desde a interrupção usando quatro grandes coortes observacionais nacionais.

Métodos

Foi conduzida uma meta-análise com a documentação de quatro coortes nacionais ligadas aos registros de óbitos nos Estados Unidos, Reino Unido, Noruega e Canadá entre adultos com idades entre 20 e 79 anos de idade de 1974 a 2018. A população estudada foi de fumantes atuais (fumavam cigarros diariamente ou em alguns dias no momento da pesquisa), os que pararam de utilizar (aqueles que fumaram pelo menos 100 cigarros na vida, registrando quantos anos antes da inclusão no estudo) ou nunca utilizaram o tabaco (consumiram menos de 100 cigarros durante a vida).

Outras variáveis registradas incluíram nível de educação, altura e peso, e consumo de álcool (exceto na Noruega, onde perguntas sobre ingestão de álcool foram incluídas apenas a partir de 1994).

Para cada coorte, foram calculadas as diferenças de risco em excesso e a sobrevida, comparando fumantes atuais e ex-fumantes com o tempo de cessação, separadamente, há menos de 3, de 3 a 9 ou há 10 ou mais anos atrás, para cada desfecho de interesse.

Resultados

Entre 1,48 milhão de adultos com aproximadamente 15 anos de acompanhamento, ocorreram 122.697 mortes. Em cada coorte, em comparação com os nunca fumantes, os que utilizavam o tabaco tinham menos educação, mais uso de álcool e IMC mais baixo.

Ajustando para idade, educação, uso de álcool e obesidade, os fumantes atuais tiveram maiores taxas de risco para morte em comparação com os nunca fumantes (2,8 para mulheres, 2,7 para homens).

O tabagismo pesado (≥20 cigarros/dia) foi mais comum em homens (32,4%), no entanto, as mulheres tinham taxas de risco ligeiramente mais altos para a mortalidade geral.

A sobrevivência entre os 40 e 79 anos de idade foi de 12 e 13 anos a menos em mulheres e homens, respectivamente, que fumavam em comparação com nunca fumantes. Ex-fumantes apresentaram taxas de risco mais baixos (1,3 em mulheres e homens).

A cessação em todas as idades foi correlacionada à uma sobrevida mais longa, especialmente se ocorresse antes dos 40 anos de idade. Em todas as idades, parar de fumar foi associado a uma maior sobrevida, com benefícios evidentes já 3 anos após a cessação. 

A cessação sustentada em ex-fumantes está associada a riscos de morte que se aproximam dos que nunca foram fumantes ao longo da vida.

Parar de fumar por pelo menos de 3 anos evitou potencialmente 5 anos de vida perdida e por 10 anos ou mais subtraiu cerca de 10 anos de vida perdida, resultando em uma sobrevida semelhante à dos nunca fumantes.

Conclusão

Parar de fumar em qualquer idade, especialmente em idades mais jovens, reduziu a mortalidade excessiva global e das principais doenças atribuíveis ao tabagismo. Associações benéficas foram evidentes já após 3 anos da cessação.