Suplementos

Efeito da suplementação com ômega-3 para pacientes com osteoartrite

A suplementação foi eficaz para aliviar a dor e melhorar a função articular

Autor/a: Deng et al.

Fuente: Journal of Orthopaedic Surgery and Research (2023) 18:381 https://doi.org/10.1186/s13018-023-03855-w Efect of omega-3 polyunsaturated fatty acids supplementation for patients with osteoarthritis: a meta-analysis

Introdução

Com o aumento da população idosa e obesa, a incidência da osteoartrite (OA) aumentou nas últimas décadas, resultando em um ônus econômico substancial para as populações globais. Com uma compreensão aprimorada da patogênese, uma variedade de medicamentos tem sido utilizada nesses pacientes, como analgésicos, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), metotrexato, hidroxicloroquina e inibidores do fator de necrose tumoral (TNF). No entanto, devido aos seus potenciais eventos adversos associados ao uso prolongado e à sua eficácia limitada, muitos têm buscado agentes alternativos e complementares para aliviar os sintomas e melhorar a função das articulações afetadas.

Os ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 (n-3 PUFAs), incluindo principalmente o ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido docosahexaenoico (DHA) foram sugeridos como eficazes para a doença devido à sua eficácia em atenuar a resposta inflamatória sistêmica e o ambiente catabólico. No entanto, a maioria dos ensaios que analisou essa associação apresentou resultados inconsistentes. Portanto, Deng e colaboradores (2023) realizaram uma metanálise para avaliar a influência dos n-3 PUFAs nos sintomas e na função articular de pacientes com OA.

Métodos

Realizaram uma metanálise através das bases de dados Medline (PubMed), Embase (Ovid) e CENTER (Cochrane Library). Os estudos relevantes foram limitados àqueles que incluíram sujeitos humanos. Além disso, as referências de revisões relacionadas e artigos originais também foram pesquisadas.

Foram incluídos estudos que atendiam aos seguintes critérios: (1) artigos em inglês na íntegra; (2) ensaios clínicos randomizados com grupos paralelos; (3) pacientes com OA designados aleatoriamente para um grupo de intervenção de suplementação com PUFAs com base em tratamentos convencionais e um grupo de controle apenas com tratamentos convencionais (com placebo ou sem tratamento adicional); (4) um ou mais dos seguintes desfechos de eficácia e/ou segurança foram relatados, incluindo mudanças na dor nas articulações, função articular e incidência de eventos adversos relacionados ao tratamento.

 A dor nas articulações foi avaliada por meio da escala visual analógica (VAS) e por meio do Índice de Osteoartrite da Western Ontario-McMaster University (WOMAC). A função articular foi avaliada por meio do WOMAC e com VAS, Avaliação Global dos Pacientes e escore da Associação Ortopédica Japonesa.

Resultados

Ao realizar a busca no banco de dados, 472 artigos foram obtidos, e 366 foram identificados após a exclusão de duplicatas. Com base nos critérios de inclusão e exclusão, a análise final incluiu um total de nove ensaios clínicos randomizados, com 2.070 (1.020 para intervenção e 1.050 para controle) pacientes com OA. Quanto ao diagnóstico, três destes incluíram participantes com osteoartrite no joelho, quatro no quadril ou joelho, e os outros dois não especificaram os locais da patologia. A idade média variou de 55 a 68 anos, e a porcentagem de homens foi de 12 a 45%. O grupo de intervenção recebeu suplementação diária de n-3 PUFA de 350 a 2400 mg, e o controle recebeu placebo ou nenhum tratamento adicional. As durações de acompanhamento variaram de 1 a 63 meses.

Em comparação com placebo ou nenhum tratamento adicional, foi observada que a suplementação de n-3 PUFA poderia aliviar significativamente a dor nas articulações e melhorar a função articular em pacientes com AO. Além disso, não foram relatados eventos adversos graves relacionados ao tratamento.

Houve heterogeneidade significativa na metanálise da influência da suplementação de n-3 PUFA na dor nas articulações em pacientes com OA. No entanto, subsequentes análises de e subgrupo não conseguiram mostrar que a essa poderia ser explicada pelas características pré-definidas, como tamanho da amostra, idade do paciente, dose de n-3 PUFA, DHA, EPA, duração do acompanhamento ou as escalas para avaliação da dor.

A análise de subgrupo mostrou que a melhoria da dor após a suplementação de n-3 PUFA foi consistente em estudos nos quais os sintomas foram avaliados pelo WOMAC ou VAS, em estudos com suplementação da substância < 1000 mg/d ou ≥ 1000 mg/d, com EPA < 500 mg/d ou ≥ 500 mg/d, com DHA < 500 mg/d ou ≥ 500 mg/d, ou com duração de acompanhamento < 6 ou ≥ 6 meses. Além disso, uma melhoria mais significativa foi observada em pacientes mais jovens (< 65 anos) quando compara aos mais velhos.

Resultados agrupados de oito estudos mostraram uma melhora significativa na função articular após a suplementação de n-3 PUFA em pacientes com OA. Além disso, a análise de subgrupo mostrou resultados consistentes em estudos com a função articular avaliada pelo WOMAC ou outras escalas.

Conclusão

A suplementação de n-3 PUFAs foi eficaz para aliviar a dor e melhorar a função articular em pacientes com OA, sem aumentar o risco de eventos adversos relacionados ao tratamento. Essas descobertas apoiaram a suplementação como uma alternativa para auxílio nos sintomas da doença.