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/ Publicado el 30 de marzo de 2024

Menos satisfação com a vida

Como o materialismo nas redes sociais causa estresse e infelicidade?

“Os dados demostraram que uma abordagem mais materialista anda de mãos dadas com uma tendência das pessoas se compararem com as outras”

Autor/a: Phillip Ozimek, Julia Brailovskaia, Hans-Werner Bierhoff, Elke Rohmann

Fuente: Materialism in social mediaMore social media addiction and stress symptoms, less satisfaction with life

O materialismo é descrito como uma atitude pessoal que atribui importância à aquisição e consumo de bens materiais. As redes sociais, como o Instagram ou TikTok, oferecem aos consumistas novas oportunidades para perseguir e satisfazer suas necessidades e objetivos.

O trabalho preliminar de Ozimek e colaboradores (2024) demostrou que os materialistas usam as redes sociais para comparar seus patrimônios com os de outros usuários e acumular bens digitais (em forma de amizades ou seguidores). No entanto, o uso das plataformas digitais não somente traz benefícios como também pode impactar negativamente na satisfação com a vida (como marcador de bem-estar subjetivo).

No estudo (N = 1230), pesquisadores examinaram até que ponto o materialismo nas redes sociais está associado a uma menor satisfação com a vida. A avaliação de um modelo de mediação sequencial revelou que os participantes altamente consumistas exibiram maior orientação para a comparação social, associações mais fortes com o uso passivo das redes sociais, bem como com o vício por essas plataformas e, portanto, relataram uma maior experiência de estresse, resultando em menor satisfação com a vida

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Roupas, carros, viagens, seguidores: as pessoas com mentalidade materialista querem sempre mais e, acima de tudo, serem superiores a outras.

A mídia social oferece-lhes oportunidades ideais para se compararem com outras pessoas, tornando-os suscetíveis ao comportamento passivo e viciante do usuário. Isso os estressa e, em última análise, leva a uma baixa satisfação com a vida. Esta espiral descendente, que torna os materialistas pessoas menos felizes, foi identificada num inquérito online a mais de 1.200 participantes.

Pesquisadores liderados pelo Dr. Phillip Ozimek, da Faculdade de Psicologia da Universidade Ruhr Bochum, Alemanha, recrutaram 1.230 pessoas para sua pesquisa online. Para participar, os entrevistados tiveram que usar pelo menos um canal de mídia social pelo menos uma vez por semana. Em média, os participantes relataram passar pouco mais de duas horas por dia nas redes sociais.

A equipe de pesquisa utilizou seis questionários diferentes para determinar até que ponto os participantes tinham uma atitude materialista e tendiam a se comparar com os outros, se usavam as redes sociais de forma mais ativa ou passiva, se eram viciados nessas e quão estressados ​​​​ou satisfeitos estavam com suas vidas.

Espiral descendente posta em movimento

“Os dados mostraram que uma abordagem mais materialista anda de mãos dadas com uma tendência de comparação com os outros”, disse Phillip Ozimek. Essa analogia é muito fácil de ser feita nas redes sociais, principalmente por meio do uso passivo, ou seja, olhando o conteúdo publicado por outros usuários. 

O materialismo e o uso passivo também estavam ligados ao uso viciante das redes sociais. “Com isto queremos dizer, por exemplo, que os usuários estão constantemente a pensar nos respetivos canais e têm medo de perder alguma coisa se não estiverem online”, explicou Phillip Ozimek. Isto, por sua vez, causa sintomas de problemas de saúde mental, ou seja, estresse. O último elo da cadeia é a redução da satisfação com a vida. “As redes sociais são um dos seis passos para a infelicidade”, concluiu Phillip Ozimek.

A mídia social atrai e gera materialistas

“No geral, o estudo fornece mais evidências de que o uso das redes sociais traz riscos, especialmente para pessoas com uma mentalidade muito materialista”, afirmou a psicóloga. Isto é especialmente preocupante porque as redes sociais podem desencadear e aumentar valores consumistas, por exemplo, através do marketing (de influenciadores). 

“É definitivamente uma boa ideia estar ciente da quantidade de tempo que você gasta nas redes sociais e reduzi-la”, recomendou Phillip Ozimek. Ele desaconselhou o abandono total das mídias sociais. "Se você fizesse isso, provavelmente compensaria demais." A equipe de pesquisa também sugeriu registrar o materialismo e o uso de mídias sociais em pacientes em tratamento para transtornos mentais. “Embora estes fatores sejam muitas vezes irrelevantes, podem ser um ponto de partida para intervenções adicionais que os pacientes podem tentar em casa”.