Estudo randomizado

Efeitos do tratamento com colágeno nativo tipo II na osteoartrite do joelho

Avaliação da eficácia do tratamento oral nos sintomas e marcadores biológicos da degradação da cartilagem

Autor/a: Annweiler C, Montero-Odasso M, Schott AM, Berrut G, Fantino B, Beauchet O.

Fuente: Fall prevention and vitamin D in the elderly: an overview of the key role of the non-bone effects.

Introdução

A osteoartrite (OA) é uma doença que envolve as articulações móveis e é caracterizada por estresse celular e degradação da matriz extracelular. O acometimento das articulações é gerado por micro e macro lesões, que ativam respostas de reparação mal adaptativas, incluindo vias pró-inflamatórias. O principal componente estrutural do tecido cartilaginoso é o colágeno tipo II.

O colágeno nativo tipo II é um ingrediente nutracêutico derivado da cartilagem do esterno de frango. Antígenos dessa proteína, ingeridos oralmente, interagem com as placas de Peyer no tecido linfoide associado ao intestino, resultando no desligamento do ataque de células T à proteína estrutural colágeno tipo II na cartilagem. Esse processo de dessensibilização evita o reconhecimento das glicoproteínas na cartilagem como antígeno pelo sistema imunológico. Considerando esse mecanismo de ação, o colágeno tipo II nativo pode ter efeitos positivos na inflamação e degradação em doenças articulares.

Por isso, Bakilan e colaboradores (2023) realizaram um estudo com o objetivo de foi avaliar a eficácia do tratamento oral com colágeno nativo tipo II nos sintomas e marcadores biológicos da degradação da cartilagem, quando administrado concomitantemente com acetaminofeno em pacientes com osteoartrite no joelho.

Métodos

Foram incluídos trinta e nove pacientes diagnosticados com osteoartrite no joelho e distribuídos aleatoriamente em dois grupos: um tratado com 1500 mg/dia de acetaminofeno (grupo AC; n=19) e o outro com o fármaco associado à 10 mg/dia de colágeno nativo tipo II (grupo AC+CII; n=20) por 3 meses. A Escala Analógica Visual (VAS) em repouso e durante a caminhada, dor pelo Western Ontario McMaster (WOMAC), função pelo WOMAC e pontuações do Short Form-36 (SF-36) foram registradas. Os níveis de Coll2-1, Coll2-1NO2 e Fibulin-3 foram quantificados na urina como biomarcadores de progressão da doença.

Resultados

Após 3 meses de tratamento, os pacientes do grupo AC+CII relataram melhorias significativas em relação à dor, qualidade de vida, conforme medido pelo VAS ao caminhar (p<0,001), pontuações WOMAC (dor, função física, total) e Short Form-36 (função física, papel físico, papel emocional e dor corporal). No entanto, no grupo AC, apenas melhorias na pesquisa de qualidade de vida foram registradas nas subescalas do SF36.

No geral, a adição de colágeno nativo tipo II à terapia padrão com acetaminofeno resultou em benefício claro em termos de melhoria clínica.

As comparações entre os grupos revelaram uma diferença significativa na pontuação do VAS ao caminhar a favor do grupo AC+CII em comparação com o grupo AC. Essa é uma queixa comum dos pacientes com osteoartrite que leva à perda de função e atividades diárias, por isso o colágeno pode ser uma opção para melhorar esse sintoma.

Os níveis urinários de Coll2-1, Coll2-1NO2 e fibulina-3 foram medidos para avaliar os efeitos condroprotetores do colágeno nativo tipo II. No entanto, esses marcadores bioquímicos não apresentaram melhorias significativas em nenhum dos grupos.

Conclusão

Os resultados sugeriram que o tratamento com colágeno nativo tipo II combinado com acetaminofeno foi superior ao uso isolado do segundo para o tratamento sintomático de pacientes com osteoartrite no joelho.