Nas últimas décadas, houve uma ampla quantidade de estudos clínicos randomizados focados em investigar como as psicoterapias impactam o transtorno de ansiedade generalizada. Esses demonstraram que os tratamentos psicológicos têm efeitos positivos, tanto na redução dos sintomas quanto no aumento do bem-estar. No entanto, limitações nas análises anteriores, devido ao agrupamento de diferentes tratamentos e condições de controle, resultaram em conclusões úteis, porém não específicas, sobre a eficácia e aceitabilidade de cada tipo de psicoterapia.

Dado que a abordagem da psicoterapia para problemas de saúde mental é dinâmica e frequentemente objeto de controvérsia, identificar as abordagens mais adequadas tornou-se uma prioridade. Isso visa promover o uso de intervenções psicológicas respaldadas por evidências. Para abordar essa necessidade, Papola e colaboradores (2023) conduziram uma revisão sistemática e uma metanálise de rede com o objetivo de avaliar a eficácia comparativa e a aceitabilidade dos diferentes tipos de psicoterapia no tratamento de adultos com transtorno de ansiedade generalizada.

O estudo seguiu a orientação da diretriz Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA), especialmente desenvolvida para metanálises de rede. Os estudos controlados randomizados que investigavam os efeitos da psicoterapia em qualquer transtorno de ansiedade em comparação com outras formas de psicoterapia ou condições de controle foram identificados em diversas bases de dados, como MedLine, Embase, PsycINFO e Cochrane, até 1° de janeiro de 2023.

A seleção se restringiu a ensaios clínicos randomizados (ECRs) que comparavam diferentes tipos de psicoterapia entre si ou com uma condição de controle, exclusivamente para o tratamento de adultos com diagnóstico primário de ansiedade generalizada.

Um total de 66 ensaios clínicos randomizados foram analisados, reunindo informações de 5.597 participantes, em média com 70,9% (desvio padrão de 11,9%) de mulheres e idade média de 42,2 anos (desvio padrão de 12,5). Os resultados apontaram que as Terapias Comportamentais Cognitivas (TCCs) de terceira onda mostraram uma redução significativa nos sintomas do transtorno de ansiedade generalizada em comparação com o tratamento usual, com uma certeza moderada (tamanho do efeito padronizado, SMD, de -0,78 [IC 95%, -1,19 a -0,37]). O mesmo aconteceu com a TCC (SMD, -0,68 [IC 95%, -1,05 a -0,32]), também com certeza moderada, e a terapia de relaxamento (SMD, -0,54 [IC 95%, -1,04 a -0,05]), embora com certeza baixa.

No entanto, ao considerar a descontinuação do tratamento por todas as causas (um indicativo de aceitabilidade), não houve diferenças significativas em comparação com o tratamento usual para todas as psicoterapias analisadas. Por exemplo, o risco relativo para a TCC versus tratamento usual foi de 1,07 [IC 95%, 0,73-1,57]. Quando os estudos com alto risco de viés foram excluídos da análise, a terapia de relaxamento não manteve sua superioridade sobre o tratamento usual (SMD, -0,40; IC 95%, -1,15 a 0,34).

Ao analisar a gravidade da ansiedade de 3 a 12 meses após o término da intervenção, apenas a TCC permaneceu significativamente associada a uma eficácia superior em relação ao tratamento habitual (SMD, -0,58; IC 95%, -0,93 a -0,23).

A revisão sistemática e metanálise de rede conduzida por Papola e colaboradores (2023) revelou que a Terapia Cognitivo-Comportamental de Terceira Onda (TCC de terceira onda), a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a Terapia de Relaxamento mostraram tamanhos de efeito consideráveis, superando o tratamento usual na fase aguda do transtorno de ansiedade generalizada. Embora não tenham sido observadas diferenças significativas de eficácia entre os diferentes tipos de psicoterapias avaliadas, tampouco foram identificadas discrepâncias críticas em termos de aceitabilidade entre elas.

Os resultados sugeriram que a TCC tradicional continua a ser a principal psicoterapia para o tratamento desse transtorno, mas as de terceira onda surgiram como alternativas sólidas, com eficácia comparável à tradicional. A análise de dados de longo prazo destacou que somente a TCC manteve uma associação significativa com maior eficácia do que o tratamento habitual.

Embora tanto a TCC quanto a de terceira onda tenham sido associadas a uma eficácia considerável na fase aguda do transtorno de ansiedade generalizada, a incerteza sobre a terapia de relaxamento como intervenção independente sugeriu a necessidade de mais pesquisas nesse sentido.