O papilomavírus humano (HPV) é a infecção sexualmente transmitida mais comum nos Estados Unidos. Embora a maioria dessas se resolva sem sequelas clínicas, pode causar câncer cervical, outros tumores anogenitais e orofaríngeos, além de verrugas anogenitais. A vacinação contra o vírus é recomendada nos Estados Unidos a partir dos 11-12 anos desde 2006 para mulheres e desde 2011 para homens. A dose de reforço é recomendada até os 26 anos de idade. Uma vacina quadrivalente (4vHPV) direcionada aos tipos 6, 11, 16 e 18 foi amplamente utilizada até 2015, quando uma nonavalente (9vHPV), que visa aos mesmos quatro tipos da 4vHPV e cinco adicionais (31, 33, 45, 52 e 58), foi introduzida.
Para saber a prevalência dos tipos de HPV detectados em swabs cervicovaginais, foi desenvolvido um relatório conduzido pelo Centro Nacional de Estatísticas de Saúde do Centers for Disease Control and Prevention (CDC). O estudo tratou-se de uma pesquisa transversal contínua e foi chamado de Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição (NHANES, sua sigla em inglês). As informações demográficas e de vacinação contra o HPV foram obtidas durante entrevistas domiciliares. As investigações sobre comportamento sexual foram alcançadas por meio de autoentrevista assistida por computador, e amostras cervicovaginais auto-coletadas foram adquiridas em centros de exames móveis.
A prevalência da infecção pelos tipos 4vHPV diminuiu 88% entre mulheres de 14 a 19 anos, de 11,5% durante 2003–2006 (era pré-vacina) para 1,1% durante 2015–2018. A prevalência dos cinco tipos adicionais de 9vHPV nesta faixa etária diminuiu 65% durante esse mesmo período. Entre as mulheres de 20 a 24 anos, a prevalência do tipo 4vHPV diminuiu 81%, de 18,5% durante 2003–2006 para 3,3% durante 2015–2018, no entanto, a dos cinco tipos adicionais não diminuiu significativamente. Entre as mulheres em faixas etárias mais avançadas, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas na prevalência dos tipos da 4vHPV e nem da 9vHPV.
Em relação aos tipos de HPV não visados pelas vacinas, entre mulheres de 14 a 19 anos, a prevalência de tipos não-4vHPV diminuiu de 31,2% durante a era pré-vacina para 20,9% durante 2015–2018; a dos tipos não-9vHPV diminuiu de 29,0% para 20,6%. Nas outras faixas etárias, não foram encontradas diferenças estatísticas.
O recebimento relatado de ≥1 dose da vacina contra o HPV aumentou de 2007–2010 a 2015–2018 em todas as faixas etárias, no entanto, a taxa foi baixa quando comparada com as vacinações recebidas na adolescência.
Em mulheres sexualmente ativas, a prevalência diminuiu naquelas que relataram receber ≥1 dose da vacina contra o HPV (97% entre aquelas de 14-19 anos, 86% entre aquelas de 20-24 anos) e naquelas que relataram não terem sido vacinadas (87% entre aquelas de 14-19 anos, 65% entre aquelas de 20-24 anos). Reduções significativas entre as mulheres não vacinadas sugeriram efeitos de imunidade de rebanho.
O relatório ressaltou que poucos participantes teriam recebido a 9vHPV, portanto, ela não poderia explicar isoladamente todo o declínio na prevalência de infecções adicionais do tipo 9vHPV entre mulheres com idades entre 14 e 19 anos. Os declínios significativos nas prevalências de infecções do tipo não-4vHPV e do tipo não-9vHPV nesta faixa etária sugeriram menor exposição ao HPV; isto foi consistente com a diminuição dos comportamentos sexuais relatados de 2003–2006 a 2015–2018 no relatório. Essa também pode ter contribuído para parte da diminuição observada na prevalência do tipo 4vHPV.
Sendo assim, o relatório acrescentou dados robustos sobre o impacto do programa nacional de vacinação contra o HPV, incluindo os efeitos de rebanho. Além da diminuição na prevalência dos tipos de vacina, também foi demonstrada uma diminuição nas taxas de pré-cânceres cervicais e verrugas anogenitais nos Estados Unidos e em outros países após a introdução da vacinação contra o HPV.