Introdução |
O diabetes afeta cerca de 10% das mulheres adultas em todo o mundo, com mais de 90% dos casos correspondendo ao tipo 2 da doença. A regulação dos níveis de glicose pode sofrer alterações durante e após a menopausa. Essas modificações frequentemente resultam em um aumento da ocorrência de hiperglicemia, uma maior variabilidade nos níveis de glicose e um risco mais elevado de complicações relacionadas à doença.
Na menopausa ocorre uma rápida diminuição dos níveis circulantes de estradiol (E2) e progesterona (P4). A redução do E2 está associada ao acúmulo de gordura visceral, redução do gasto energético, bem como à diminuição da captação de glicose não dependente de insulina e da secreção de insulina.
A terapia hormonal (TH) pode ajudar a atenuar essas alterações, melhorando a sensibilidade à insulina e os níveis de glicose em jejum em mulheres na pós-menopausa que não têm diabetes. No entanto, ainda existe um conhecimento limitado sobre os efeitos da TH na regulação da glicose em mulheres na pós-menopausa que possuem diabetes tipo 1 ou tipo 2. Por essa razão, Speksnijder e colaboradores (2023) conduziram uma revisão sistemática da literatura para determinar o impacto da terapia hormonal na regulação da glicose em mulheres com diabetes na pós-menopausa.
Métodos |
Os pesquisadores conduziram uma busca em diversas fontes, incluindo o MEDLINE, Embase, Scopus, Cochrane Library e no registro ClinicalTrials.gov. O objetivo foi identificar ensaios clínicos randomizados (ECR) que abordassem os efeitos da terapia hormonal que continha estrogênio em mulheres na pós-menopausa (≥12 meses desde o último período menstrual) com diabetes tipo 1 ou tipo 2.
Os dados foram extraídos para os seguintes desfechos: HbA 1c e glicemia de jejum.
Resultados |
Foram incluídos 19 ECR (12 ensaios de grupos paralelos e 7 cruzados), com um total de 1.412 participantes, das quais apenas 4,0% tinham diabetes tipo 1.
A terapia hormonal (TH) na pós-menopausa resultou em melhorias significativas na hemoglobina A1c (HbA1c) e nos níveis de glicose em jejum em pacientes com diabetes tipo 2 em um curto período. No entanto, o número limitado de pacientes com diabetes tipo 1 na amostra tornou inadequado determinar os efeitos da TH na pós-menopausa nesse contexto.
Figura. Resumo gráfico. Imagem adaptada de Speksnijder e colaboradores (2023).
Os mecanismos exatos pelos quais a TH melhora a glicemia em jejum e a HbA1c ainda não são completamente compreendidos. No entanto, estudos em roedores, sugeriram que os estrogênios reduzem a supressão da produção hepática de glicose mediada pela insulina, o que leva a níveis mais baixos de glicose no sangue. Além disso, outros estudos indicaram que os estrogênios podem melhorar a sobrevivência das células beta e a secreção de insulina, o que pode contribuir para a redução da hiperglicemia mediada pelos estrogênios em mulheres com diabetes tipo 2.
Conclusão Em resumo, a pesquisa apontou que a terapia hormonal na pós-menopausa, em um curto prazo, tem um efeito positivo na redução da glicemia em jejum e da HbA1c em mulheres com diabetes tipo 2. No entanto, é necessário realizar mais estudos para investigar o impacto da TH transdérmica na regulação da glicose em mulheres na pós-menopausa com diabetes e para compreender como a terapia afeta a regulação da glicose em pacientes com diabetes tipo 1. |