O coletor menstrual é uma alternativa segura para a higiene menstrual, oferecendo vantagens em relação a absorventes e tampões. A crescente adoção desses está ligada à sua durabilidade, já que os coletores podem ser reutilizados por até 10 anos, o que atrai usuárias ambientalmente e economicamente conscientes.

Os dispositivos intrauterinos (DIUs) representam a forma mais utilizada de contracepção reversível de longa duração (LARC) em todo o mundo, apresentando uma eficácia superior a 99% por ano. Existem dois tipos de DIUs: os hormonais e os não hormonais. Mulheres que optam pelo segundo modelo frequentemente enfrentam um efeito colateral comum, o aumento no fluxo menstrual. Um dos riscos associados é a expulsão, que ocorre em cerca de 6% das usuárias, sendo mais comum durante a menstruação e no primeiro ano após a inserção, especialmente nos primeiros 3 meses.

A orientação atual da Faculty of Sexual and Reproductive Healthcare (FSRH) sobre contracepção intrauterina do ano de 2019 afirmou que o uso do coletor menstrual não está associado com o aumento do risco de expulsão do DIU.  Contudo, o risco teórico de pressão de sucção aplicada ao DIU ao remover o coletor ou de puxar acidentalmente os fios de DIU durante a remoção foram descritos como mecanismos potenciais. Em vista disso, Bowman e Thwaites (2023) conduziram uma avaliação para investigar a potencial associação entre o uso de coletores menstruais e a expulsão de DIUs.

Sete estudos relevantes, abrangendo um total de 73 eventos de expulsão parcial ou total de dispositivos intrauterinos (DIUs) em pacientes que estavam usando coletores menstruais como método de higiene menstrual. Entre essas publicações, três delas relataram taxas de expulsão, de 3,7%, 17,3% e 18%. Notando que esses números incluíram até mesmo casos na mesma paciente.

A literatura existente sobre o risco de expulsão relacionado ao uso combinado de coletor menstrual e DIU é insuficiente e restrita a evidências de baixo nível.

É fundamental realizar ensaios clínicos randomizados, com períodos de acompanhamento adequados, incluindo potenciais fatores associados, como idade dos participantes, histórico de gestações anteriores, diferentes fabricantes de coletores menstruais, tipos específicos de DIUs, características anatômicas da região pélvica, técnicas específicas de inserção e remoção do coletor menstrual.

Em resumo, a investigação nesse campo é limitada e aprofundar a compreensão exige a realização de estudos mais abrangentes e bem controlados, capazes de abordar todas essas variáveis e contribuir para uma melhor compreensão dos possíveis riscos e medidas de prevenção relacionados ao uso simultâneo de coletor menstrual e DIU.