Introdução |
A adenomiose é uma condição ginecológica benigna caracterizada pela invasão das glândulas endometriais e estroma no miométrio, com hiperplasia miometrial circundante. As pacientes podem ser assintomáticas ou apresentar sintomas como dor intensa e prolongada durante a menstruação, sangramento menstrual excessivo e aumento do tamanho do útero. O seu diagnóstico é baseado em exames como ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética. Algumas evidências ultrassonográficas demonstraram que a patologia foi encontrada em 20,9% a 34% das pacientes em idade reprodutiva.
> Sintomas clínicos associados à Adenomiose
Os sintomas mais comuns são a dismenorreia e a hemorragia uterina anormal. Além desses, as pacientes podem apresentar a dor pélvica crônica, dispareunia e útero aumentado. A patologia pode ser encontrada com outras condições ginecológicas, como miomas e endometriose, e pode contribuir para os sintomas clínicos gerais.
Quanto maior o comprometimento do útero, devido ao grau das lesões adenomióticas, mais exuberante serão os sintomas. Contudo, 30 a 50% das mulheres são assintomáticas ou podem se associar a outros indícios como à infertilidade, abortamentos e complicações na gravidez.
> Diagnóstico
O diagnóstico dessa patologia acaba sendo feito de maneira incidental durante exames de rotina.
A padronização dos critérios histológicos para adenomiose é atualmente uma questão em discussão, é importante mencionar que o diagnóstico por meio de ultrassonografia transvaginal (USTV) e ressonância magnética (RM) tem se tornado cada vez mais comum e pode ser uma alternativa para complementar ao diagnóstico histológico.
Na ultrassonografia transvaginal os cistos subendometriais e a hipertrofia do miométrio surgem como os sinais ecográficos mais característicos. Sendo exame de primeira linha para suspeita de adenomiose em pacientes com sangramento menstrual intenso, dor pélvica, infertilidade, aborto espontâneo e desfechos negativos na gravidez.
A ressonância magnética deve ser considerada se a avaliação for inconclusiva ou suspeita de patologia pélvica concomitante.
> Tratamento
Embora nenhum medicamento tenha sido diretamente aprovado para o tratamento específico da adenomiose, dados recentes sugeriram que um bom controle dos sintomas pode ser alcançado utilizando as opções de tratamento atualmente disponíveis para o sangramento menstrual intenso, a dismenorreia e a dor pélvica.
- Contraceptivos orais, DIU hormonal de levonorgestrel e dienogeste podem ser utilizados como opções de primeira linha para dor e sangramento menstrual intenso. Esse tratamento pode ser eficaz em mulheres que desejam preservar a fertilidade.
- Os agonistas do hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) podem ser considerados agentes de segunda linha.
- A embolização da artéria uterina é uma alternativa de tratamento altamente eficaz para controlar o sangramento intenso e a dor. Essa opção pode ser oferecida a pacientes que desejam preservar o útero.
- No futuro, procedimentos de ablação térmica minimamente invasivos, como ultrassom focalizado de alta intensidade, ablação por radiofrequência e ablação percutânea por micro-ondas, podem ser usados, porém mais dados são necessários.
- Adenomiomectomia é uma opção de tratamento eficaz para adenomiose sintomática. Considerado um procedimento cirúrgico desafiador, com potencial morbidade perioperatória, deve ser realizado apenas por um cirurgião experiente. Devido ao risco de hemorragia intraoperatória, a anemia deve ser corrigida antes do procedimento. Por fim, as pacientes devem ser aconselhadas sobre os impactos incertos do procedimento na fertilidade e gravidez.
- A adenomiose focal pode ser passível de excisão cirúrgica usando vias minimamente invasivas (laparoscopia, robótica); no entanto, a adenomiose difusa é melhor abordada usando uma técnica aberta.
- A histerectomia total é uma opção de tratamento eficaz para adenomiose sintomática e pode ser oferecida a mulheres com prole definida após aconselhamento adequado sobre riscos, benefícios e tratamentos alternativos.
Recomenda-se tratamento clínico, hormonal ou não hormonal e, em casos de falha terapêutica, evoluir para tratamentos cirúrgicos.
> Adenomiose e Infertilidade
A infertilidade está associada à adenomiose em até 14% dos casos, diversos mecanismos estão envolvidos desde o nível molecular até alterações no próprio útero. Adenomiose pode afetar o transporte do óvulo pelas tubas uterinas até o útero, além de comprometer a receptividade do endométrio, resultando em infertilidade.
Nesse contexto, as técnicas de reprodução assistida constituem uma excelente forma de superar o impacto da adenomiose na fertilidade, a utilização dos agonistas da GnRH pode ser considerada uma opção antes da transferência dos embriões.
Conclusão |
A adenomiose é uma condição comum que pode causar sintomas significativos, como dor intensa durante a menstruação, sangramento menstrual excessivo e aumento do útero. O diagnóstico da adenomiose pode ser desafiador, no entanto, a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética têm se mostrado úteis na identificação precoce da doença.
As opções de tratamento incluem tratamento clínico, procedimentos intervencionista ou opções cirúrgicas. Cada abordagem tem seus benefícios e é importante individualizar o tratamento com base nos sintomas e nas necessidades de cada paciente.