Reconhecimento ao escritor japonês

Haruki Murakami ganhou Prêmio Princesa de Astúrias de Literatura

Assim como no Nobel, o autor era o favorito há anos. O reconhecimento veio por sua literatura singular, em que a tradição japonesa se encontra com a cultura ocidental.

Haruki Murakami, escritor japonês contemporâneo que já foi cotado pelo Prêmio Nobel de Literatura, foi anunciado como o vencedor do Prêmio Princesa de Astúrias na categoria Letras. Além da estatueta e homenagem, o vencedor também receberá o valor de £ 50 mil.

 Murakami é autor de diversas obras, como 1Q84, Norwegian wood, Do que falo quando falo de corrida e Abandonar o gato: o que falo quando falo do meu pai. No Brasil, é publicado pela editora Alfaguara.

Consolidou-se com o sucesso internacional alcançado em 1987 com "Tokio blues". Os seus textos, traduzidos para mais de 50 línguas, misturam o real com o fantástico e nos quais se tece a marca de autores do século XIX como o russo Fedor Dostoiévski, o inglês Charles Dickens ou o americano Truman Capote.

"Uma narrativa ambiciosa e inovadora que soube expressar alguns dos grandes temas e conflitos do nosso tempo: a solidão, a incerteza existencial, a desumanização das grandes cidades, o terrorismo, mas também o cuidado com o corpo ou a própria reflexão sobre o fazer criativo", ponderou o júri que lhe concedeu o prêmio.

Murakami já havia recebido prêmios de prestígio como o Franz Kafka (2006), o Jerusalém (2009) e o Hans Christian Andersen de Literatura (2016), entre outros, mas não o Nobel de Literatura, que tem sido tão esquivo quanto foi. Até agora esta distinção pela qual era o eterno favorito.

“Fico feliz que os leitores apreciem meus livros, mas qualquer forma de premiação é um fardo para mim”, disse Murakami em entrevista em 2016, na qual também não evitou a pergunta sobre o outro prêmio famoso: “O Nobel está muito longe. Mesmo que todas as pessoas do mundo me garantissem que estou perto, não acreditaria”, disse na época.

Filho único de dois professores de literatura japonesa e neto de um sacerdote budista, desde muito jovem interessou-se pela cultura ocidental, especialmente pela música e literatura americanas. Além da veia literária, tem se dedicado a traduzir obras de autores como Raymond Carver, John Irving e F. Scott Fitzgerald para o japonês. Ele também é conhecido por seu amor pelo atletismo e participou de várias maratonas e triatlos.

O prêmio Princesa das Astúrias contou com 37 candidatas de 17 nacionalidades e é o quinto das oito premiações internacionais atribuídos anualmente pela Fundação com o mesmo nome. É dotado de uma escultura de Joan Miró, um diploma de acreditação, um distintivo e a quantia em dinheiro de 50.000 euros.