A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou o Roctavian, uma terapia gênica baseada em vetor de vírus adeno-associado para o tratamento de adultos com hemofilia A grave sem anticorpos pré-existentes para o sorotipo 5 do vírus adeno-associado.
“A hemofilia A hereditária é um distúrbio hemorrágico potencialmente grave. Casos graves de podem causar problemas de saúde com risco de vida devido ao aumento do risco de sangramento descontrolado”, disse Peter Marks, MD, diretor do Centro de Pesquisa e Avaliação Biológica da FDA.
Ele acrescentou que a aprovação, datada de 29 de junho, "representa um avanço importante no fornecimento de opções de tratamento para pacientes com esse distúrbio hemorrágico, e o tratamento com terapia genética pode reduzir a necessidade de terapia de rotina contínua".
A hemofilia A é um distúrbio hemorrágico genético raro que ocorre devido a uma mutação no gene que produz o fator VIII (FVIII), uma proteína que permite a coagulação do sangue. A doença afeta principalmente os homens. Essa deficiência no FVIII faz com que os afetados sangrem incontrolavelmente e por mais tempo do que as pessoas sem a doença. A frequência e a gravidade dos episódios de sangramento dependem da quantidade de proteína FVIII que uma pessoa produz. A hemofilia A grave é caracterizada por níveis especialmente baixos de FVIII (menos de 1% no sangue) e representa cerca de 60% de todos os casos. Esta condição é capaz de causar sangramento em órgãos vitais do corpo, como rins e cérebro, que podem ser fatais se não forem tratados.
Roctavian é um produto de terapia genética de uso único que é administrado em dose única por infusão intravenosa. Consiste em um vetor viral que carrega um gene para o fator VIII da coagulação. O gene é expresso no fígado para aumentar os níveis sanguíneos de FVIII e reduzir o risco de sangramento incontrolável.
A segurança e eficácia do fármaco foram avaliadas em um estudo multinacional em homens adultos de 18 a 70 anos de idade com hemofilia A grave que foram previamente tratados com terapia de reposição de fator VIII. A eficácia foi estabelecida com base nos resultados de uma coorte de 112 pacientes acompanhados por pelo menos 3 anos após o tratamento com Roctavian. Após a infusão, a taxa média anual de sangramento diminuiu de 5,4 sangramentos por ano no início do estudo para 2,6 sangramentos por ano. A maioria dos pacientes designados para o grupo de intervenção receberam corticosteróides para suprimir o sistema imunológico, para que a terapia genética fosse eficaz e segura. A resposta ao tratamento com Roctavian pode diminuir com o tempo.
As reações adversas mais comuns associadas a este medicamento incluíram alterações leves na função hepática, dor de cabeça, náusea, vômito, fadiga, dor abdominal e reações relacionadas à infusão. Monitoramento cuidadoso de efeitos colaterais e elevação das enzimas hepáticas é recomendado com a administração de Roctavian. Em alguns casos, verificou-se que o tratamento aumentou os níveis de atividade do FVIII acima dos limites normais. Um aumento na atividade do FVIII pode aumentar o risco de eventos tromboembólicos (coágulos sanguíneos que podem causar danos ao bloquear o fluxo sanguíneo). A introdução da sequência de DNA do produto Roctavian pode acarretar o risco teórico de desenvolver carcinoma hepatocelular (câncer de fígado) ou outros tipos de câncer. Nenhum caso de eventos tromboembólicos ou cânceres associados com Roctavian foi observado em estudos clínicos.
Roctavian foi aprovado com AAV5 DetectCDx, um teste de diagnóstico complementar destinado a ajudar os profissionais de saúde a identificar pacientes que podem se beneficiar de receber Roctavian para tratar a hemofilia A. O teste demonstrou ser eficaz na detecção de anticorpos anti-hemofilia. Dados de estudos clínicos de pacientes com hemofilia A que receberam Roctavian após serem identificados como elegíveis pelo AAV5 DetectCDx (pacientes sem anticorpos anti-AAV5 pré-existentes) apoiaram a segurança e a eficácia do AAV5 DetectCDx para seu uso pretendido como diagnóstico complementar do Roctavian. A FDA concedeu a aprovação do AAV5 DetectCDx aos ARUP Laboratories.