A doença ocular da tireoide (TED, sua sigla em inglês) é uma condição inflamatória autoimune que ocorre mais frequentemente com a doença de Graves. Nos EUA, a prevalência de TED está entre 0,16% e 0,25%. Aqueles em risco de doença mais grave incluem homens, pessoas com mais de 65 anos de idade, fumantes e aqueles com altos níveis de autoanticorpos da tireoide.

A TED começa com inflamação orbitária e periocular tipicamente seguida por um curso de doença crônica menos ativo, mas ainda sintomático. A TED ativa, definida por um escore de atividade clínica (CAS), inclui dor orbital/periocular, edema e vermelhidão com proptose e diplopia presentes na doença mais grave.

Níveis crescentes de proptose e diplopia estão associados à piora da qualidade de vida. Essas manifestações podem impedir o desempenho de tarefas diárias, como dirigir e ler, e têm sido associadas a considerável sofrimento psicossocial, especialmente ansiedade e depressão devido a alterações na aparência e na função visual.

As utilidades do estado de saúde são valores cardinais que refletem a preferência de um indivíduo por diferentes resultados de saúde, como trocar um período de tempo mais curto com saúde perfeita versus um tempo mais longo com uma doença que reduz a qualidade de vida. Os valores de utilidade desempenham um papel importante nas análises de custo-efetividade, bem como nas avaliações de tecnologias de saúde. Eles permitem comparações do impacto da qualidade de vida entre diferentes doenças.

Até onde sabe-se, os valores de utilidade publicados não foram definidos para estados de saúde induzidos por TED com níveis variáveis ​​de proptose e diplopia, em um contexto (estado de saúde âncora) de aumento da inflamação. Portanto, o principal objetivo do estudo de Smith e colaboradores (2023) foi obter valores de utilidade para estados de saúde associados a TED ativo moderado a grave de gravidade variável. Estes foram avaliados quanto à magnitude de proptose e diplopia (separadamente e combinados), para demonstrar a carga de qualidade de vida associada ao TED e para permitir avaliação futura de ganhos de qualidade de vida com tratamentos.

Para isso, foi realizado um estudo qualitativo que avaliou os estados de saúde para TED ativo moderado a grave durante um ano, e os valores foram obtidos por meio de métodos de compensação de tempo. Seis estados de saúde de gravidade variável foram determinados a partir de 2 ensaios clínicos controlados por placebo (171 pacientes com TED e escore de atividade clínica ≥4, ± diplopia/proptose) e refinados por entrevistas com pacientes americanos com TED (n = 6).

Cada descrição do estado de saúde foi validada por meio de entrevistas com pacientes TED (n = 3) e especialistas médicos (n = 3). Descrições do estado de saúde e um questionário de qualidade de vida foram testados e administrados a uma população em geral. Escalas visuais analógicas (VAS) também foram administradas para detectar a concordância dos achados.

Os escores de utilidade do estado de saúde TED e se eles diferem uns dos outros foram avaliados usando Shapiro-Wilk, Kruskal-Wallis, soma de classificação de Wilcoxon pareado e testes t pareados.

Um total de 111 participantes completaram as entrevistas de deslocamento de tempo. O valor de utilidade médio (DP) foi de 0,44 (0,34). O menor (pior) valor médio de utilidade foi observado no estado de doença mais grave (diplopia constante/grande proptose) em 0,30 (95% CI, 0,24-0,36), seguido por diplopia de proptose constante/ proptose pequena (0,34; 95% CI, 0,29). -0,40), diplopia intermitente ou inconsistente/grande proptose (0,43; IC 95%, 0,36-0,49), sem diplopia/grande proptose (0,46; IC 95%, 0,40 -0,52) e diplopia intermitente ou inconstante/pequena proptose (0,52; 95% CI, 0,45-0,58).

O maior (melhor) valor médio, 0,60 (95% CI, 0,54-0,67), foi observado para o estado de doença menos grave (sem diplopia/pequena proptose).