Diversas bactérias competem entre si a fim de sobreviverem. Elas podem utilizar diferentes estratégias para a batalha. A Salmonella, bactéria da família das Enterobacteriaceae que causa intoxicação alimentar, usa toxinas com essa finalidade contra membros da microbiota intestinal. No entanto, ainda era um mistério quais eram as toxinas usadas e como elas atuavam.
Uma pesquisa publicada na revista eLife, conseguiu solucionar este mistério e abriu caminhos para um novo alvo terapêutico contra a Salmonelose.
As toxinas possuem regiões de proteínas que geralmente são encontradas em enzimas que atuam no reparo de DNA [momento no qual a célula identifica e corrige os danos das moléculas de DNA]. No entanto, em vez de reparo, as toxinas causam dano no DNA, e atacam ele no momento da sua replicação, quando são formadas estruturas em formato de Y.
Elas são disparadas pelo sistema de secreção do tipo 6, que são grandes complexos de proteínas, em formato de uma lança contrátil, que se encontram na membrana das bactérias. A Salmonella encosta na membrana da competidora e libera as toxinas dentro dessas células, eliminando a competição e ficando livre para infectar as células do intestino do hospedeiro. “Já havia sido mostrado que Salmonella pode intoxicar os membros da microbiota, mas é a primeira vez que foi descrita uma toxina antibacteriana que tem como alvo estruturas específicas de DNA”, explicou Bayer Santos, a autora do estudo.
As infecções pela Salmonella ocorrem principalmente por causa de alimentos contaminados, seja pela ingestão de carnes e ovos crus ou malpassados, pela manipulação dos alimentos sem a devida higienização ou contaminação cruzada. As infecções em humanos são causadas por sorotipos de Salmonella enterica, sendo mais comuns S. Enteritidis e S. Typhimurium.
Ao entender como essas toxinas afetam a microbiota, talvez possamos vir a ter um novo medicamento probiótico que possa promover resistência à infecção por esses patógenos, auxiliando na prevenção e melhora dos pacientes.