De acordo com as novas diretrizes da American Academy of Pediatrics (AAP), é necessário que os médicos tratem agressivamente a obesidade em crianças e adolescentes – inclusive utilizando medicamentos e cirurgia bariátrica -, em vez de adotar uma conduta expectante e aguardar até que o problema se resolva espontaneamente.
A diretriz também estimulou que médico da atenção primária trabalhem em colaboração com outros especialistas para tratar as comorbidades associadas à obesidade, em vez de tratarem sozinhos.
O documento atualizou as recomendações de 2007 sobre tratamento de crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade. A diretriz anterior era focada na modificação comportamental e nos hábitos alimentares, não focando tanto nos medicamentos para a perda de peso e à cirurgia bariátrica.
As diretrizes de 2023 recomendaram que os pediatras ofereçam a todos os pacientes com 12 anos ou mais com obesidade, a opção de receber a prescrição de medicamentos para perda de peso, além do suporte contínuo para adotar modificações no estilo de vida, como o aumento da frequência de exercícios físicos e da ingestão de alimentos mais saudáveis.
A mesma abordagem é válida para a cirurgia bariátrica a partir dos 13 anos, e a AAP enfatiza que nenhum médico deve estigmatizar as crianças ou insinuar que elas são culpadas pelo próprio peso.
À medida que as crianças atingem níveis limítrofes do índice de massa corporal, os médicos devem realizar um exame físico completo e solicitar exames laboratoriais para ter uma visão mais ampla da saúde desses pacientes.
A atualização também recomendou para que os médicos calculem o índice de massa corporal de crianças a partir dos dois anos de idade, com atenção especial para aquelas que se encontram em determinadas zonas das curvas por idade e sexo: IMC no percentil 85 ou superior (sobrepeso); IMC no percentil 95 ou superior (obesidade) ou IMC no “percentil 120" – definido como 120% do percentil 95 –, e superior (obesidade grave). Os médicos também devem monitorar a pressão arterial e o colesterol nos pacientes com sobrepeso ou obesidade, especialmente a partir dos 10 anos.
A partir dos seis anos, os profissionais de saúde devem entrevistar os pacientes e suas famílias para entender o que os motivaria a perder peso e, em seguida, adequar as intervenções a esses fatores, em vez de apenas dizer de forma genérica que a perda de peso é necessária. Essa etapa deve ser acompanhada de apoio intensivo em favor da prática de exercícios físicos e da adoção de hábitos alimentares eficazes que resultem na perda de peso.
As novas orientações refletiram o entendimento atual de que o sobrepeso e a obesidade infantis são resultantes de fatores biológicos e sociais, como morar em "desertos alimentares" (regiões onde o acesso a alimentos saudáveis é limitado) ou ser vítima de racismo estrutural.