Uma revisão sistemática apoiou o uso de diversos suplementos nutricionais para o tratamento da alopecia, mas que os estudos não podem fornecer evidências definitivas de segurança e eficácia devido ao tamanho das amostras, à heterogeneidade dos tipos de alopecia nos participantes do estudo ou a outras limitações.
A revisão publicada no periódico JAMA Dermatology observou que “12 das 20 intervenções nutricionais tiveram estudos de alta qualidade sugerindo eficácia avaliada objetivamente”.
É “inovador”, em parte devido à sua amplitude e profundidade, disse a Dra. Eva Simmons-O'Brien, médica dermatologista, que frequentemente recomenda suplementos para seus pacientes com alopecia. “Basicamente, o estudo justificou o que alguns de nós temos feito há vários anos para tratamento da alopecia”, disse ela. “Espero que ele faça com que os dermatologistas considerem o uso de suplementos nutricionais como adjuvante no tratamento da alopecia”, acrescentou a Dra. Eva.
A revisão “é muito útil”, concordou a Dra. Lynne J. Goldberg, médica e professora de dermatologia e patologia e medicina laboratorial na Boston University School of Medicine. A Dra. Lynne observou que muitos pacientes já estão tomando suplementos e querem saber se são seguros e eficazes. A revisão “apontou quais são os problemas, fala sobre quais são os ingredientes individuais e o que eles fazem, como ocorrem os problemas e conclui que algumas pessoas podem achar isso útil. E é exatamente isso que digo aos meus pacientes”, explicou ela, que também é diretora da Hair Clinic no Boston Medical Center.
Eficácia surpreendente
Quanto ao estudo, “acreditávamos ser provável que a maioria dos suplementos nutricionais não fosse eficaz ou não tivesse sido estudada”, disse Dr. Arash Mostaghimi, médico e professor assistente de dermatologia na Harvard Medical School.
Os autores conduziram o estudo porque muitos pacientes tomam suplementos nutricionais para combater a alopecia, explicou. Uma pesquisa inicial da literatura rendeu mais de 6.300 citações, mas após triagem e revisões, os autores incluíram 30 artigos para avaliação. A revisão começou com uma análise dos estudos do saw palmetto [STFG1] (Serenoa repens), um composto botânico que se acredita que iniba a enzima 5α-redutase, que converte a testosterona em di-hidroxitestosterona. A di-hidroxitestosterona é um mediador da alopecia androgênica. Os estudos sugeriram que o composto possa estabilizar a alopecia, “embora seu efeito seja provavelmente menor que o da finasterida”, escreveram os autores. Eles também observaram que os efeitos colaterais associados à finasterida, como disfunção sexual, também foram observados com o saw palmetto, “mas em menor grau”.
Para alopecia androgênica, o óleo de semente de abóbora também pode ser eficaz e uma “potencial alternativa” à finasterida; e o Forti5, um suplemento nutricional com inibidores botânicos de 5α-redutase e outros ingredientes, teve efeitos favoráveis em um estudo, escreveram os autores. Mas nenhum deles foi comparado à finasterida, e o estudo com Forti5 não tinha um grupo de controle.
A revisão também avaliou os micronutrientes vitamina D, zinco, vitaminas do complexo B e antioxidantes. Baixos níveis de vitamina D foram associados com alopecia areata, alopecia androgênica e eflúvio telógeno em alguns estudos, e deficiência de zinco foi associada a eflúvio telógeno, quebra e afinamento de cabelo, de acordo com a revisão. Um estudo de vitamina D de braço único mostrou melhores resultados em seis meses para mulheres com eflúvio telógeno, mas não havia grupo de controle e o eflúvio telógeno tem resolução espontânea, acrescentaram os autores. Estudos em pacientes com alopecia areata ou queda de cabelo que apresentavam níveis normais de zinco no início do estudo mostraram crescimento significativo do cabelo e aumento da espessura e densidade capilar, mas os testes foram uma mistura de com e sem controle e basearam-se em dados de queda de cabelo percebida pelos próprios pacientes.
Estudos maiores e mais rigorosos devem ser feitos para avaliar a eficácia do zinco para a alopecia areata, comentaram os autores.
Muitos pacientes tomam vitamina B7 (biotina) para alopecia. O produto não foi estudado isoladamente, mas foi um ingrediente em alguns suplementos na revisão. A Dra. Eva disse que a biotina não resulta no crescimento de novos cabelos, mas pode ajudar a fortalecer os novos cabelos que crescem como resultado de outros tratamentos. Tanto ela quanto os autores do estudo observaram que a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA alertou contra a suplementação de biotina porque pode interferir na troponina e em outros resultados de exames.
A revisão também constatou que imunomoduladores – como extratos de ervas chinesas de peônia e glicirrizina – foram eficazes na alopecia areata grave. Os moduladores do hormônio do crescimento visando deficiências no fator de crescimento insulinoide tipo 1 ou hormônio do crescimento também são promissores. Estudos demonstraram que os moduladores capsaicina e isoflavonas – usados topicamente – estimulam o crescimento capilar, escreveram os autores.
Produtos contendo suplementos de proteína marinha, como Viviscal e Nourkrin, parecem eficazes no aumento da quantidade de cabelo em homens e mulheres, mas os estudos foram financiados pelo fabricante e não foram bem controlados. Os efeitos colaterais do Viviscal incluíam distenção abdominal, de acordo com a revisão.
Os suplementos com múltiplos ingredientes Nutrafol, Omni-Three, Apple Nutraceutical e Lambdapil também foram incluídos na revisão. Apenas o Omni-Three não mostrou eficácia, mas os estudos dos outros suplementos tiveram várias limitações, como a falta de controles e amostras pequenas.