Tratamento

Medicamento para câncer de mama é incorporado no SUS

Número total de novos diagnósticos da doença ao ano no Brasil chega a 60 mil

Pacientes com câncer de mama podem contar com o medicamento Trastuzumabe Entansina. Indicado em monoterapia para tratamento de pacientes classificados no nível HER2-positivo da doença. A Portaria que incorpora o medicamento ao Sistema Único de Saúde (SUS) foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) da última segunda-feira.

Dentre os variados subtipos de câncer de mama, o tumor com amplificação ou superexpressão do receptor de fator de crescimento epidérmico humano 2 (human epidermal growth factor receptor 2 [HER2]) era tido como um dos mais agressivos, até o surgimento das terapias-alvo contra essa molécula. O advento do trastuzumabe (TTM) e das demais medicações anti-HER2 modificou radicalmente o prognóstico das pacientes com essa doença, levando a respostas duradouras no cenário metastático e a maiores taxas de cura nos casos iniciais.

O trastuzumabe entansina (T-DM1), uma medicação conjugada composta pelo anticorpo monoclonal TTM ligado ao agente citotóxico entansina, já havia mostrado eficácia superior a tratamentos padrão na doença metastática, após progressão, inclusive, a outras terapias anti-HER2.

A nova aprovação se baseou nos dados do estudo de fase III, KATHERINE, que contou com participação do Dr. Max Mano e que randomizou pacientes com câncer de mama HER2+ e doença residual, após neoadjuvância com quimioterapia e trastuzumabe, para tratamento adjuvante com TTM ou T-DM1. O uso de T-DM1 nesse cenário levou a ganho expressivo em sobrevida livre de doença, com redução relativa de 50% do risco de doença invasiva ou morte. O ganho absoluto foi de 11% a mais de pacientes vivos e livres de doença em 3 anos no braço experimental, com menos recorrências à distância associadas ao T-DM1 (10,5% vs. 15,9%).

“A tecnologia recebeu recomendação favorável de incorporação ao Sistema Único de Saúde SUS após passar por avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), responsável por assessorar a pasta nas atribuições relativas à incorporação, exclusão ou alteração de tecnologias em saúde pelo SUS”, informou o ministério.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2018, mais de 620 mil mulheres morreram de câncer de mama em todo o mundo. No Brasil, o número total de novos diagnósticos ao ano chega a 60 mil, resultando em uma taxa de incidência de 60/100 mil habitantes.

Em 2017, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) reportou 16.724 mortes em mulheres. No ano de 2018, o Brasil foi o quarto país com a maior incidência em câncer de mama e o quinto em mortalidade. Estima-se que a incidência entre as brasileiras nos próximos 20 anos terá um aumento de 47%, diz OMS.