O Enfermeiro é um dos elementos que compõe a equipe multiprofissional no sistema de saúde: colabora no planejamento e execução dos programas a serem desenvolvidos e pela intimidade com os problemas, é o elemento credenciado para identificar as necessidades do paciente, sendo o contingente humano de maior sensibilidade na promoção de saúde do indivíduo e da coletividade.
São essenciais dentro do sistema de saúde, afinal são eles que estão presente durante todo o tratamento dos pacientes.
No dia 12 de maio é comemorado o Dia Internacional da Enfermagem. Para demonstrar a importância deste profissional e trazer conhecimento extra, escolhemos relembrar alguns personagens importantes na história da enfermagem.
- Anna Nery (13 de dezembro 1814 – 20 de maio de 1880)
Pioneira da enfermagem no Brasil. Quando seus filhos foram para a Guerra do Paraguai, ela decidiu aprender noções de enfermagem para prestar serviços como enfermeira durante este conflito.
Nery começou seus trabalhos nos hospitais de Corrientes, onde havia mais de 6.000 enfermos da guerra e algumas freiras que realizavam o serviço de enfermagem. Apesar das condições precárias, poucos materiais e excesso de pacientes, Anna permaneceu cindo anos na linha de frente).
Ao final da guerra, em 1870, após perder um filho e um sobrinho, adotou três crianças, órfãs de guerra e voltou para casa. Foi condecorada com as medalhas de prata Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de Primeira Classe. Por decreto, recebeu de Dom Pedro II uma pensão vitalícia que utilizou para educar sua família.
- Dorotha Orem (15 de julho de 1914 – 22 junho de 2007)
Dorotha foi a responsável pela teoria do autocuidado, que consiste na ideia de que os indivíduos, quando capazes, devem cuidar de si mesmos. Quando existe a incapacidade, entra o trabalho do enfermeiro no processo. Para crianças, estes são necessários mediante a incapacidade dos pais e/ou responsáveis interferirem no processo.
Dorothea Orem recebeu o título de Mestre em Ciências da Educação em Enfermagem e também de Doutora em Enfermagem.
- Florence Nightingale (12 de maio de 1820 – 13 de agosto de 1910)
Filha de pais religiosos, viajou pela Europa a fim de aprimorar seus estudos. Na época da guerra da Crimeira, Sidney Herbert, membro do governo inglês e amigo pessoal, pediu-lhe que integrasse o corpo de enfermagem britânico como enfermeira-chefe do exército. Ela cuidava incansavelmente de seus pacientes, percorrendo as enfermarias à noite e fez estudos estáticos mostrando que a alta mortalidade resultava em péssimas condições de saneamento.
Desenvolveu um plano de assistência aos feridos e de organização da infraestrutura hospitalar que a tornou reconhecida em toda a frente de batalha, consagrando a assistência aos enfermos em hospitais de campanha. Entre suas principais ações, estavam a lavagem das feridas e a lavagem das mãos dos profissionais de saúde. Com essas medidas, a taxa de mortalidade dos feridos, que era de 43 por cento, foi reduzida para dois por cento.
Além de se preocupar com a melhora do atendimento médico, Florence também dedicou especial atenção a obtenção e organização de dados estatísticos. Ela foi pioneira na utilização de gráficos, para apresentar dados de forma clara, de maneira que mesmo os generais e membros do parlamento pudessem compreendê-los.
- Imogene King (30 de janeiro de 1923 – 24 de dezembro de 2007)
Imogene desenvolveu a teoria do alcance de metas, que tem como conceito básico que a enfermagem é um processo de ação, reação e interação, no qual enfermeiro e paciente compartilham informações sobre suas percepções. Ou seja, afirma que é necessário que o paciente e o enfermeiro ajam em conjunto, comunicando informações, definindo metas e agindo para alcançá-las.
- Ivona Lara (13 de abril de 1922 – 16 de abril de 2018)
Formou-se na década de 40 e especializou-se em praxiterapia ocupacional e desempenhou um importante papel na equipe da psiquiatra Nise da Silveira e do neurocirurgião Paulo Niemeyer.
Ela passou 4 décadas trabalhando no Serviço de Doenças Mentais. Participou do movimento de humanização do tratamento de pessoas com sofrimentos mentais, um projeto reconhecido mundialmente.
Por meio da terapia ocupacional, o movimento tinha o propósito de deixar no passado os diagnósticos médicos que desacreditaram os pacientes e utilizavam terapias invasivas e agressivas. O tratamento mais humanizado teve um papel de abrir o debate para o fim do confinamento institucional de pessoas com transtornos mentais.
A terapia ocupacional dentro do Instituto fortaleceu a “livre expressão artística" por meio de atividades coletivas, oficinas de músicas e apresentações de dança e canto. O objetivo era promover um clima terapêutico dentro do hospital, diminuir o isolamento dos pacientes e estabelecer um vínculo entre pacientes e a vida em sociedade.
Além disso, Ivona levou a musicoterapia como uma alternativa de tratamento e ferramenta de ressocialização de pessoas internadas.
- Wanda Horta (11 de agosto de 1926 – 15 de junho de 1981)
Em 1940, Wanda se inscreveu nos voluntários Socorristas, da Cruz Vermelha durante a segunda guerra. Após 4 anos, conseguiu um emprego com atividades de enfermagem em Curitiba e em 1945 se mudou para São Paulo após ganhar uma bolsa de estudos na USP.
Entre as décadas de 1930 e 1950, os enfermeiros vinham refletindo sobre seu papel na equipe de saúde. Com a industrialização, era necessário atender a demanda dos cidadãos adoecidos. Se por um lado havia fila de espera para o atendimento médico, por outro os médicos impediam a atuação das enfermeiras de forma independente.
Após se formar na USP, foi para Santarem trabalhar no projeto de Serviço Especial da Saúde Pública. A cada experiencia, Wanda percebia que a enfermagem estava direcionada apenas ao tratamento da doença. Em sua opinião, era necessário a compreensão do sofrimento e das fragilidades humanas, além das condições físicas tratadas.
Em 1958 assumiu o cargo de professora na Escola de Enfermagem. Foi nela que encontrou a Teoria das Necessidades Humanas Básicas como inspiração para humanizar a enfermagem do Brasil. A teoria afirmava que o ser humana necessitava de um conjunto de condições básicas, como amor, autorrealização e segurança, para alcançar um nível de bem-estar. Wanda acreditava que os níveis deveriam ser classificados em três dimensões: psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais.
Wanda definiu que o papel do enfermeiro deveria entender o ser humano como um todo, não olhando apenas a doença, mas ao corpo, a mente e ao espírito. Assim, o atendimento deveria levar em consideração os aspectos sociais e emocionais do paciente.
- Madre Marie Domineuc
Aos 23 anos, a francesa chegava ao Brasil. Além de professora de enfermagem, também assumiu a assistência social do hospital. No entanto, a quantidade de situações em que mulheres chegavam sozinhas para dar à luz ou que saíam do hospital sem ter para onde ir, a afligia. Eram descendentes de escravos, vindas de todo o Brasil; gente do interior do estado; operárias; empregadas domésticas — que, ao engravidar, eram despedidas sem nenhuma lei que as amparasse, dentro de uma sociedade rígida e intolerante.
Eram tantas mulheres que necessitavam de assistência integral, que em 1939 fundou-se o Amparo Maternal: várias casas alugadas na Vila Mariana, onde as mulheres moravam, dividiam o serviço e a educação dos filhos. Após 15 anos, ela finalmente conseguiu unificar as casas em uma só edificação. Com determinação, construiu a maior maternidade da América Latina. “As portas do Amparo Maternal continuam abertas, seguindo sua filosofia de nunca recusar ninguém”.