Prática clínica

Eficácia e segurança da duloxetina no tratamento da depressão em idosos

O medicamento apresenta boas evidências de eficácia em adultos com TDM, em doses de 80 a 120 mg/dia

Autor/a: Del Casale A, Girardi P, Brugnoli R, Sani G, Di Pietro S, Brugnoli C, et al.

Fuente: Duloxetine in the treatment of elderly people with major depressive disorder

Indice
1. Página 1
2. Referências Bibliográficas
3. Bula do produto - Abretia®
Introdução

O transtorno depressivo maior (TDM) é comum em idosos e está frequentemente associado ao comprometimento cognitivo e suas limitações. Ainda, pode fazer parte da evolução da demência, complicá-la ou, ainda, ocorrer de forma concomitante.1 Deve-se procurar causas orgânicas subjacentes e comorbidades em idosos com depressão, além de avaliar o estado nutricional.1

Um ponto importante da depressão nesta população é o risco aumentado de suicídio. A ocorrência concomitante de sintomas depressivos e eventos estressores - sentimentos de perda, solidão, ausência de libido e outros aspectos da sexualidade e doenças físicas - devem ser considerados como sinais para comportamento suicida.2-4

A duloxetina inibe os transportes de serotonina e de noradrenalina (NA), e pertence à classe de inibidores da recaptação de noradrenalina e serotonina (IRNS). Uma metanálise mostrou que a duloxetina apresenta boas evidências de eficácia em adultos com TDM, em doses de 80 a 120 mg/dia.5

O objetivo do estudo desenvolvido por Del Casale e colaboradores (2012) foi revisar as principais evidências sobre o tratamento da depressão em idosos com duloxetina.1

Eficácia

A duloxetina melhorou significativamente a pontuação da Escala de Depressão de Hamilton (HAM-D) em idosos com depressão.8,9 Um estudo controlado com placebo e de curto prazo mostrou que, já na segunda semana de tratamento, a duloxetina foi associada à melhora significativa das pontuações da Escala de Depressão Geriátrica (GDS) e da escala de Impressão Clínica Global – Severidade da doença (CGI-S) em comparação ao placebo, além de oferecer redução dos níveis de ansiedade e somatização.10

Outro estudo controlado com placebo demonstrou que a duloxetina apresentou rápido início de ação antidepressiva.11 Análises adicionais mostraram que os efeitos benéficos do composto sobre a depressão e a qualidade de vida não foram afetados significativamente pela presença de comorbidades vasculares, diabetes e/ou artrite.6,12

Por sua vez, uma análise de pacientes idosos (idades ≥ 65 anos) com transtorno de ansiedade generalizada (TAG), a partir dos dados de quatro estudos randomizados, duplos-cegos e controlados, mostrou que o tratamento com duloxetina de 60 a 120 mg/dia por nove ou dez semanas foi eficaz e bem tolerado.13 Deve-se lembrar que o TAG é uma doença com sobreposição de sintomas ligados aos transtornos depressivos, e que responde de forma semelhante ao tratamento com antidepressivo.1

Em estudo multicêntrico, randomizado e duplo-cego de 24 semanas, os pacientes que receberam duloxetina apresentaram melhora significativa da subescala Maier da HAM-D nas semanas 4, 8, 16 e 20. O grupo experimental ainda apresentou menores taxas de dor do que as do grupo “placebo”.14 O seguimento por 52 semanas mostrou que o medicamento manteve sua eficácia ao longo do tempo, com melhora da pontuação total HAM-D e de todas as suas subescalas.

A duloxetina ainda se mostrou eficaz na melhora da dor.18 Um estudo de curto prazo mostrou que a duloxetina foi significativamente mais bem-sucedida que o placebo na redução da dor lombar avaliada por escala visual analógica,19 além de melhora mais rápida da dor20 e redução da interferência da mesma sobre as atividades diárias em pacientes com depressão.21

Em estudo controlado, a duloxetina foi associada à melhora de medidas de função cognitiva, como aprendizado e memória.10

Efeitos sobre funções fisiológicas

A duloxetina se mostrou semelhante ao placebo em relação às alterações de frequência cardíaca, pressões arteriais supina e ortostática ou na incidência de hipotensão ortostática.10,15,22 Também não foram observadas diferenças nas alterações do intervalo QTc do eletrocardiograma.22-24 Análises de curto e longo prazos não apresentaram alterações significativas de exames laboratoriais (hemograma e bioquímica).6

Finalmente, a duloxetina não afeta a função sexual nos idosos, em comparação ao placebo, conforme avaliação pela Escala de Experiência Sexual do Arizona.25 Esse fato é importante, já que a sua alteração pode ter repercussões sobre a autoestima e influenciar comportamento suicida.4

Eventos adversos

Observações de longo prazo demonstraram que a maioria dos eventos adversos ocorreram precocemente e são de intensidade leve ou moderada.15 As taxas de eventos em pacientes com idades ≥ 65 anos não são significativamente maiores do que as observadas em indivíduos com idades entre 18 e 64 anos. Insônia e cefaleia foram menos relatadas nos idosos.1

Comparações diretas não mostraram diferenças de abandono do tratamento por eventos adversos entre a duloxetina e o placebo (9,7% vs. 8,7%; p = NS), em pacientes com idades inferiores e superiores a 75 anos.10,22 Boca seca, náuseas e diarreia foram significativamente mais frequentes no grupo de intervenção, assim como a fadiga nos idosos.22

Análise post-hoc mostrou que a duloxetina foi muito bem tolerada em pacientes com comorbidades clínicas.24 Ainda faltam evidências sobre o risco de suicídio em idosos em uso de duloxetina, mas se recomenda uma avaliação cuidadosa do risco nesses pacientes.1

Conclusão

A duolexetina é eficaz, segura e bem tolera em idosos com transtorno depressivo maior.


Bula do Produto - Abretia®