COVID-19 | 13 MAY 24

Amígdalas e adenoides são importantes locais de persistência do SARS-CoV-2 em crianças

Análise de 48 amígdalas e adenoides retiradas cirurgicamente de crianças entre 3 e 11 anos, sem sintomas respiratórios nem histórico de infecção recente, detectou diferentes linhagens do SARS-CoV-2

Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) identificaram que vírus respiratórios, inclusive o SARS-CoV-2, podem permanecer e se replicar nas amígdalas, adenoides e secreções de crianças sem sintomas da doença, nem histórico de infecção recente.

A partir da análise de amígdalas e adenoides retiradas cirurgicamente de 48 crianças entre 3 e 11 anos, os pesquisadores detectaram RNA e proteína dos vírus em amígdalas, lavados nasais e secreções respiratórias de crianças com hipertrofia tonsilar e sem sintomas de doenças respiratórias e de COVID-19.

Os resultados publicados na revista Microbiology Spectrum mostraram que diferentes linhagens do vírus da COVID-19 infectaram um quarto das crianças que participaram do estudo. A descoberta da persistência do SARS-CoV-2 nas amígdalas e adenoides, além de contribuir para o entendimento da COVID-19, indica uma nova via de interferência do vírus na resposta imune e uma potencial fonte de transmissão da doença para a comunidade, mesmo a partir de pessoas assintomáticas.

A investigação teve apoio da FAPESP por meio de um amplo estudo que busca compreender a biologia, patogênese e prospecção de vírus emergentes.

“Não imaginávamos encontrar tantos vírus nas tonsilas (amígdalas e adenoides) retiradas de crianças que não tinham nenhum sintoma nem histórico de infecção respiratória. É inusitado saber que, em uma mesma criança, podem ser detectados vários vírus respiratórios persistentes e, dentre eles, diferentes linhagens do SARS-CoV-2. Então, é o vírus de um resfriado de seis meses atrás, junto com outro de uma infecção mais recente, que vão sendo colecionados nas tonsilas”, explica Eurico Arruda, professor de virologia da faculdade e autor do estudo. A pesquisa contou com a colaboração da equipe de otorrinolaringologia da FMRP-USP, liderada pela professora Fabiana Valera e por Carolina Miura.

“Porém, é também nas tonsilas, como mostrou o nosso estudo, onde o vírus SARS-CoV-2 consegue persistir por mais tempo, se replicar e ser secretado. A replicação e a potencial transmissão de COVID-19, mesmo em pessoas assintomáticas, podem indicar uma nova via de interferência do vírus na resposta imune. Isso porque amígdalas e adenoides são órgãos secundários do sistema linfoide, onde atuam células de defesa como os linfócitos, por exemplo”, completa Arruda.

Os pesquisadores acreditam que a infecção de linfócitos B e T, macrófagos e células dendríticas por SARS-CoV-2 pode interferir na montagem de respostas imunes nesses órgãos linfoides secundários. “Não foi possível, no entanto, identificar quanto tempo os vírus persistem nas tonsilas analisadas”, afirma Arruda.

 

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