Ensinando a saúde de maneira criativa | 13 ABR 24

Histórias em quadrinhos como instrumento de conscientização da saúde

Da alimentação até campanhas antitabagismo
Autor/a: Tokarnia, M. (2024) Fuente: Agência Brasil 
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Introdução

As histórias em quadrinhos existem desde o início da história da humanidade como linguagem gráfica. O ser humano primitivo retratava graficamente, por meio de desenhos, nas paredes das cavernas em que habitava, as caçadas ou feitos que representavam seu cotidiano.

No começo da popularização dos quadrinhos, houve resistência por boa parte de pais que julgavam esse tipo de mídia como uma proposta subversiva, pois suas crianças estariam lendo algo que continha informação desnecessária e danosa e que impossibilitaria uma formação saudável de seus filhos. Com o tempo, com a comunicação se adequando à nova conjectura cultural, os quadrinhos se mostravam uma alternativa importante para atingir a população e mesmo nas escolas já começavam a utilizar não só tiras em livros didáticos que serviam para ilustrar textos como também situações que instigassem a curiosidade dos alunos.

Os quadrinhos apresentam características específicas que ratificam sua importância como instrumento comunicativo: possuem informações não só com a escrita, mas também com as ilustrações, que expressam detalhes e enriquecem ainda mais a cena apresentada; são de fácil acesso, podendo ser comprados por preços bem menores do que os de livros; atingem diversas as classes sociais e idades; a compreensão do tema é fácil sem que haja a necessidade de maiores informações prévias, e o aprendizado se dá de maneira passiva, em que são assimilados tanto  novos conceitos quanto novos vocábulos.

São frequentemente tratadas como um instrumento didático-pedagógico, portador de um currículo cultural que permite a reflexão sobre valores, atitudes e riqueza histórico-cultural, promovendo a valorização de da cultura nacional e local. A sua utilização em aulas de língua portuguesa, história, geografia, matemática, ciências, arte e educação alimentar e nutricional pode promover um aprendizado mais reflexivo e prazeroso. Vergueiro e Ramos (2009) identificaram 64 quadrinhos, desde 1990, voltados à educação. Destes, 15 (23%) foram voltados à saúde, perdendo apenas para os de recursos naturais. Abaixo citamos os temas que envolvem a saúde.

Educação alimentar

Um dos personagens mais famosos voltados à educação alimentar foi o Menino Maluquinho, que está presente em centenas de livros do Ziraldo e foi garoto propaganda da campanha Fome Zero e da merenda escolar durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Figura 1: O livro de receitas do Menino Maluquinho.

Dentre as obras nas quais o cartunista aborda o tema da alimentação, o Almanaque Maluquinho: Julieta no mundo da culinária se destaca por apresentar elementos de histórias em quadrinhos e pela possibilidade de as receitas serem realizadas pelas crianças. Voltada para o público infantil, a publicação encanta pelo colorido, pelo ritmo e pelos textos leves e de fácil compreensão. O livro possui sete histórias curtas, destinadas a crianças, que abordam os seguintes temas: consumo, memória gustativa, comida vegetariana, economia e outros assuntos pertinentes ao campo da alimentação.

Figura 2: Almanaque Maluquinho: Julieta no mundo da culinária 

Educar no âmbito da segurança alimentar e nutricional seria propiciar conhecimentos e habilidades que permitem às pessoas produzir, descobrir, selecionar e consumir os alimentos de forma adequada, saudável e segura. Ademais, é importante conscientizar quanto às práticas alimentares mais saudáveis, fortalecer culturas alimentares, valorizando e respeitando as especificidades regionais de diferentes grupos sociais, e diminuir o desperdício, de modo a estimular a autonomia do indivíduo e a mobilização social.

Infelizmente, grande parte das revistas em quadrinhos têm um conteúdo limitado, discorrendo apenas sobre as mudanças de hábitos alimentares, substituindo alimentos que possuem muito sal, gordura e açúcar pelos com vitaminas, minerais, proteínas e carboidratos. No entanto, não ensinam como as crianças devem observar a qualidade dos produtos comercializados, e assim, escolher com conhecimento, os alimentos que vão parar em sua mesa. Além disso, as revistas apenas citam os alimento saudáveis, no entanto, não fazem uma reflexão do porquê tais não fazem parte, da maioria das vezes, do seu cardápio diária (questões econômicas, sociais, políticas e culturais. Por fim, as revistas também não esclarecem sobre o direito universal à alimentação de qualidade. 

Tabagismo

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) iniciou um curso a distância do Programa Saber Saúde. Como sempre, as ilustrações feitas por Ziraldo na década de 1990 estarão nas aulas, mas desta vez receberão atenção especial e muita saudade. “Ele contribuiu muito, tanto para o controle do câncer quanto para o controle do tabagismo”. Disse a chefe da Divisão de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco (Conprev) do Inca, Maria José Domingues da Silva Giongo.

A parceria de Ziraldo com o Inca teve início antes do Saber Saúde, em 1987, em uma campanha contra o cigarro, que resultaria em cinco pôsteres com caricaturas com os dizeres: “fumar é cafona”, “fumar é careta” “fumar é de mau gosto”fumar é patético” e “fumar é brega”. 

A secretária executiva da Comissão Nacional para a Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Conicq), Vera Luiza da Costa e Silva, foi uma das pessoas que trabalhou com Ziraldo nessa época, em que as propagandas de cigarro ocupavam a televisão e outros meios de comunicação e cerca de 35% da população era fumante, segundo o Inca.

 

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