Dor muscular | 27 MAR 24

Quase 30% das crianças e adolescentes sentem dores em músculos, ossos ou ligamentos

Panorama da dor musculoesquelética foi revelado por pesquisa que envolveu 2.688 estudantes do Ceará e de São Paulo. Resultados apontararam as costas e as pernas como as principais partes do corpo afetadas.

Cerca de 27% das crianças e adolescentes brasileiras sofrem com dores sem causa específica em ossos, ligamentos e músculos – a chamada dor musculoesquelética –, de acordo com estudo publicado recentemente no Brazilian Journal of Physical Therapy. Além de contribuir para desmistificar o problema, que, segundo os autores, é frequentemente subestimado por pais e profissionais da saúde, conhecer sua extensão permite planejar melhor os gastos com dor crônica em adultos, considerada a principal causa de incapacidade em todo o mundo.

No Brasil, o Ministério da Saúde estima que mais de 35% dos brasileiros com mais de 50 anos sofram de dor crônica. No ano passado, inclusive, foi sancionada a lei 14.705/23, que determina as diretrizes para o atendimento desses pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Embora grande parte dos fatores de risco para a condição sejam pouco conhecidos, um dos mais bem estabelecidos é o histórico de dor prévia – com relatos na literatura científica sobre seu aparecimento na adolescência.

“Ainda assim, ao redor do mundo, há poucos estudos sobre a prevalência de dor musculoesquelética entre jovens, com dados incertos, variando de 4% a 40%, porque não utilizam conceitos padronizados”, afirma Tiê Parma Yamato, pesquisadora associada da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) e da Universidade de Sydney (Austrália) que coordenou a investigação.

“No Brasil, esse número parece variar de 20% a 45% de acordo com estudos prévios, porém, a grande maioria dos trabalhos investigou condições musculoesqueléticas específicas, não considerou o impacto da dor nas atividades de vida diária das crianças e adolescentes e foi realizada em cidades de pequeno porte.”

Na pesquisa coordenada por Yamato, que recebeu financiamento da FAPESP por meio de três projetos (17/17484-1, 19/10330-4 e 19/12049-0), 2.688 crianças e adolescentes com idade média de 12 anos, provenientes de 28 escolas públicas e privadas dos Estados do Ceará (cidade de Fortaleza) e de São Paulo (cidades de Itu, Salto, São Sebastião e São Paulo), responderam a um questionário com perguntas sobre a ocorrência de dor no corpo capaz de causar impacto em sua vida cotidiana, como faltar na escola e/ou impedir a realização de atividades do dia a dia e/ou esportivas.

Entre esses jovens, 728 (27,1%) relataram ter sentido dor musculoesquelética incapacitante nos 30 dias anteriores. As costas foram a parte do corpo mais citada, por 51,8% dos entrevistados, seguida pelas pernas (41,9%) e pelo pescoço (20,7%).

 

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