Uma guia para abordagem prática | 05 ABR 24

Avaliação clínica e manejo do vaginismo

Validar a experiência de uma pessoa com vaginismo é o primeiro passo em seu manejo

O vaginismo é caracterizado pela persistente ou recorrente dificuldade da mulher em permitir a penetração vaginal por um pênis, dedo ou qualquer objeto, apesar do desejo expresso de fazê-lo. Clinicamente, pacientes com a síndrome frequentemente apresentam aumento do tônus muscular do assoalho pélvico e contrações involuntárias desses músculos, resultando em dificuldade, dor ou impossibilidade de penetração vaginal. Esse fenômeno leva à evitação da atividade sexual devido à dor, medo e ansiedade.

Etiologia

Atualmente, não existe uma etiologia definida para o vaginismo.

A maioria dos pesquisadores e médicos coincidem que o vaginismo é um problema psicofisiológico que envolve fatores cognitivos, comportamental e fisiológicos.

O modelo da dor que evita o medo é frequentemente usado para conceituar o desenvolvimento e a manutenção do vaginismo (Figura 1). Descreve como uma experiência negativa com a penetração pode levar a pensamentos catastróficos e subsequente medo. Isto dá origem a duas opções: ou evitar todas as atividades ou se tornar hipervigilante aos estímulos associados à penetração. A última pode causar contrações defensivas exageradas dos músculos pélvicos, dificultando o ato durante uma tentativa subsequente. A incapacidade da sua realização pode causar mais dor e confirmar experiências negativas. Dessa forma, a vivência do vaginismo é exacerbada e perpetuada em um ciclo vicioso.

 

Figura 1. O modelo de vaginismo para evitar o medo.

O modelo da dor também pode ser usado para conceituar a recuperação do vaginismo. Quando alguém teve uma experiência ou experiências negativas com penetração, muitos tratamentos visam ajudar a pessoa a compreender e aceitar essa experiência.

Quais fatores predisponentes levam ao vaginismo?

Embora a etiologia exata seja desconhecida, vários fatores predisponentes foram identificados. Como o vaginismo está associado a uma resposta ao medo, as atitudes socioculturais explícitas e implícitas desempenham um papel importante na predisposição de alguém para desenvolver a síndrome.

Cognições explícitas e negativas relacionadas ao sexo geralmente surgem depois que uma pessoa vivencia um evento doloroso ou traumático, como um exame ginecológico doloroso ou trauma sexual. Quando não houve um evento marcante, suas cognições implícitas relacionadas ao sexo poderiam contribuir para o desenvolvimento e manutenção do vaginismo.

As cognições relacionadas ao sexo estão enraizadas no contexto sociocultural de um indivíduo, incluindo sua família, amigos e crenças religiosas.

Pessoas com vaginismo relataram consistentemente cognições negativas relacionadas ao sexo que se desenvolveram em um contexto sociocultural, particularmente crescendo em uma família onde não havia educação sexual ou que o sexo era considerado errado e pecaminoso.

As cognições implícitas relacionadas ao sexo têm uma influência direta no assoalho pélvico: pessoas com vaginismo apresentam níveis mais elevados de repulsa e maior contração dos músculos do assoalho pélvico em resposta a imagens e vídeos relacionados ao sexo do que controles saudáveis. Esta descoberta destacou como uma ampla gama de cognições pode afetar diretamente a experiência de uma pessoa com o vaginismo.

Diagnóstico

Diagnosticar o vaginismo pode ser desafiador, especialmente porque as pessoas geralmente apresentam dor concomitante na vulva, no assoalho pélvico e na pelve.

Em um ambiente clínico, as pessoas que apresentam sintomas sugestivos de vaginismo necessitam de extensa investigação para fazer um diagnóstico diferencial e descartar comorbidades orgânicas. Primeiro, é necessária uma história médica, psicossocial, relacional e sexual detalhada. Uma anamnese completa ajudará a identificar fatores etiológicos e contribuintes relevantes e a fazer um diagnóstico diferencial.

Exame físico

Um exame genital também é necessário para fazer um diagnóstico diferencial de vaginismo. Uma inspeção visual da vulva pode indicar fissuras, ulcerações, atrofia, infecções fúngicas ou outros problemas superficiais da pele, como verrugas genitais ou vírus herpes simplex. Swabs externos ou vaginais baixos são indicados para avaliar outras possíveis patologias. Uma ponta de algodão deve então ser usada para avaliar a dor tocando ou pressionando levemente ao redor do vestíbulo para avaliar a vestibulodinia provocada.

 

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