O conceito de empatia foi inicialmente introduzido por estetas no século XIX, que utilizaram o termo alemão "Einfühlung" para descrever a capacidade de "se conectar" emocionalmente com uma obra de arte, sentindo uma ressonância emocional com ela. A empatia desempenha um papel fundamental nas relações interpessoais e sociais, permitindo o compartilhamento de experiências, necessidades e desejos entre indivíduos, criando uma ponte emocional que facilita o comportamento social. Essa habilidade envolve a interação sofisticada de redes neurais, permitindo-nos perceber e ressoar emocional e cognitivamente com os outros, absorver suas perspectivas e distinguir entre nossas próprias emoções e as deles.
Estudos mostraram que a empatia pode diminuir durante a formação médica, resultando em um atendimento menos compassivo. A sua ausência no tratamento gera insatisfação nos pacientes, o que reduz a adesão às recomendações e, consequentemente, piora os resultados de saúde e compromete a confiança entre pacientes e profissionais de saúde.
Embora no passado a empatia fosse considerada uma característica inata e inalterável, pesquisas recentes indicaram que essa competência vital pode ser ensinada aos profissionais de saúde. O atendimento médico empático está associado a múltiplos benefícios, incluindo melhores experiências dos pacientes, maior adesão ao tratamento, resultados clínicos aprimorados, redução de erros médicos e de reivindicações por negligência, além de uma maior retenção de médicos.
Levanta-se a reflexão de que, se a existência humana fosse simplesmente baseada na "sobrevivência do mais apto", estaríamos programados apenas para dominar os outros, e não para responder ao sofrimento alheio. No entanto, a capacidade humana de perceber e ressoar com a dor do próximo nos permite sentir e compreender seu sofrimento, destacando a importância da empatia em nossa natureza.
Capacidade inata |
A empatia é uma capacidade inata, fundamentada em mecanismos cerebrais que permitem a imitação inconsciente de posturas e expressões faciais de outros. Pesquisas neurobiológicas demonstraram que indivíduos empáticos ativam as mesmas áreas motoras e sensoriais ao observar ações e emoções dos outros, em um processo conhecido como "espelhamento". Esse mecanismo permite que as pessoas sintam a dor e as emoções alheias de forma atenuada, evitando sobrecarga emocional. Estudos de neuroimagem confirmaram que essa "atenuação" facilita o comportamento empático sem gerar angústia excessiva, o que é essencial para profissionais de saúde, que precisam de apoio institucional para manter cuidados empáticos de alta qualidade.
Empatia, Medicina e Sociedade |
Esta característica é uma habilidade fundamental que conecta as pessoas, mas tende a ser mais forte entre indivíduos com semelhanças, refletindo um viés evolutivo. Esse preconceito pode levar a falta de empatia em situações envolvendo diferenças raciais, culturais ou sociais, especialmente no ambiente médico, onde isso pode resultar em desigualdade de cuidados. A empatia cognitiva pode ajudar a superar esses vieses.
Pesquisas mostraram que a capacidade de tomar a perspectiva dos outros e valorizar seu bem-estar é crucial para aumentar a empatia. Profissionais de saúde, muitas vezes atraídos pela empatia para suas carreiras, precisam de autocuidado para manter essa capacidade. A autoempatia é essencial para garantir que continuem oferecendo cuidados compassivos e de alta qualidade, o que exige apoio institucional e programas de bem-estar focados em empatia.
A empatia e a compaixão são interligadas e essenciais para um mundo mais justo. Como o Dalai Lama afirma, "amor e compaixão são necessidades, não luxos" para a sobrevivência da humanidade. Portanto, é necessário cultivar essas capacidades para fortalecer os laços sociais e melhorar os cuidados em saúde.