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O tratamento da insônia com zolpidem: uso correto do medicamento

Entenda como o agente hipnótico é capaz de atuar na insônia

Autor/a: Dr. Kalil Dualibi

Fuente: Farmoquímica S.A. - Cientificamente

Indice
1. Texto principal
2. Referências bibliográficas
3. Bula do produto - Isoy®

A insônia é definida como dificuldade em adormecer ou permanecer dormindo, apesar de condições adequadas para o sono, associada a um sono não reparador, com grande impacto negativo no funcionamento durante o dia.1 Dessa forma, difere de situações nas quais a pessoa não consegue dormir por fatores externos, como falta de tempo adequado.2

Em nosso mundo, vivemos em um ritmo cada vez mais estressante, com cobranças por desempenho nos estudos, no trabalho e na produtividade, com novas tecnologias que geram mudanças velozes e profundas na realidade e com relacionamentos afetivos intensos e fugazes. Além disso, há uma desestruturação das relações familiares, bem como o consumo crescente de substâncias psicoativas; somado a isso, ainda fomos assolados pela pandemia da COVID-19, que impactou as pessoas de todos os locais do mundo. Estudos realizados em diversos locais,³ incluindo pesquisas brasileiras,4 demostraram aumento dos casos de ansiedade, depressão, insônia e consumo de substâncias, tendo sido estimada elevação de 27,6% de casos de transtorno depressivo maior e de 25,6% de casos de transtornos de ansiedade em 204 países, devido à pandemia de COVID-19, segundo estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS),5 obviamente impactando os transtornos de sono.

Anamnese detalhada

Deve-se sempre questionar o paciente sobre o sono dele, mesmo quando a queixa principal não for a insônia.6 A base do tratamento dos quadros de insônia deve ser iniciada por uma anamnese bem cuidadosa, levando em conta diversos fatores, como:

O detalhamento do padrão de sono da pessoa;

Os aspectos comportamentais envolvidos;

Os aspectos cognitivos e ruminações da pessoa;

O abuso de substâncias a partir das 18 horas (pesquisar também todos os estimulantes, como cafeína, fórmulas etc.);

Quadros psiquiátricos associados;

Doenças clínicas que podem estar ocorrendo;

Outras patologias do sono.

Tratamento da insônia

O tratamento da insônia deve ser realizado no momento do correto diagnóstico e incluir o que chamamos de higiene do sono, uma série de medidas que visam à melhor possibilidade de adormecer, combatendo atitudes que possam comprometer o sono. Entretanto, apesar dessas recomendações e das medidas comportamentais, o uso de medicações é comumente adotado no tratamento.7

O uso de indutores do sono é buscado como estratégia por pessoas que têm dificuldade para adormecer ou despertam precocemente ou têm um sono não reparador. Aproximadamente 1 em cada 13 adultos brasileiros faz uso de indutores do sono, e estudos apontaram uma associação com maior gravidade dos sintomas depressivos nessa população.8 Cerca de 10% da população adulta sofre de algum distúrbio de insônia e outros 20% experimentam sintomas ocasionais de insônia. Mulheres, idosos e pessoas com dificuldades socioeconômicas são as mais vulneráveis à insônia.9

Uso dos medicamentos e risco de abuso

Um cuidado que precisa estar presente na anamnese é questionar a propensão a abusar das medicações, o que pode ser denotado em questões sobre a forma de uso de ansiolíticos, álcool, medicações para dor etc. Pacientes que tenham um perfil abusador de substâncias podem também desenvolver um abuso das medicações indutoras de sono.10,11

As substâncias disponíveis no tratamento da insônia incluem benzodiazepínicos e agonistas seletivos dos receptores GABA-A, também conhecidas como drogas Z (zolpidem, zopiclona e eszopiclona), além de outras medicações utilizadas, por seus efeitos adversos e colaterais de poderem induzir ao sono, como os antidepressivos com características sedativas (mirtazapina, trazodona e amitriptilina) e antipsicóticos (quetiapina, olanzapina), anti-histamínicos, fitoterápicos e melatonina.10 Apesar da eficácia comprovada em distúrbios do sono, os benzodiazepínicos têm sido evitados, pois podem desenvolver tolerância e dependência, além de apresentarem outros riscos clínicos (como propensão a quedas), estando seu uso em declínio como indutores do sono. As drogas Z, em especial o zolpidem, ocuparam esse espaço como sendo a substância de escolha como indutora de sono, por sua rapidez de ação, efetividade, meia-vida curta (o que não causa “ressaca” no outro dia), além de poucos efeitos adversos e pouca interação medicamentosa.7

Em pacientes com características abusadoras, o relato de abuso de indutores de sono tem crescido. Entre as substâncias com maior poder de causar dependência, encontram-se os benzodiazepínicos. O abuso de zolpidem tem sido relatado, calculando-se que menos de 8% das pessoas que o utilizam podem se tornar abusadoras dessa substância.11,12

Estudos com voluntários saudáveis, sem antecedentes de uso de substâncias, demonstraram que o risco de uso abusivo do zolpidem é pequeno.11,13 Entretanto, o uso não prescrito de indutores de sono é um fenômeno bem conhecido e representa um problema de saúde pública cada vez mais generalizado, uma vez que está associado a um risco elevado de consequências graves para a saúde ou overdose fatal, especialmente entre grupos específicos de usuários.11

Insônia e quadros psiquiátricos

Os quadros de insônia frequentemente estão associados a outras síndromes psiquiátricas. Pacientes insones têm maior propensão a apresentar, concomitantemente, alterações do humor, ansiedade e redução da capacidade cognitiva relacionada a concentração, memória e atenção, assim como podem manifestar irritabilidade, fadiga, falta de energia e desconforto físico, como dor.14-16 Disfunções monoaminérgicas, como de serotonina (5-HT), dopamina (DA) e noradrenalina (NA), estão relacionadas a transtornos como depressão e ansiedade, e sabe-se que podem causar defasagem de todo o ciclo circadiano, proporcionalmente à gravidade do quadro, com aumento da secreção de cortisol e diminuição da concentração de melatonina.17

Tratamento das insônias

O tratamento das insônias preconiza alguns pontos fundamentais:10

Diagnóstico preciso do quadro, caracterizando o tipo da insônia, a sua duração e suas prováveis etiologias;

Detector de possíveis quadros psiquiátricos subjacentes;

Medidas não farmacológicas, como terapia de controle de estímulos, restrição de sono, atividades de relaxamento, higiene do sono e terapia cognitivo-comportamental;

Utilização de indutores de sono como complementação dos tratamentos acima, optando-se pelo zolpidem como primeira escolha.

Uso adequado do indutor de sono

O uso recomendado de zolpidem deve ser com a pessoa já na cama, pela sua rapidez de ação. Deve ser evitada qualquer atividade após a tomada da medicação. Deve-se iniciar com a menor posologia possível; no caso do zolpidem, iniciar com 5 mg, o que facilitaria muito o controle de riscos. Deve ser utilizado por tempo adequado, associado a terapias e recomendações de controle de estímulos. Deve ser utilizado até a remissão do quadro, com uma retirada gradual, passando-se ao esquema “se e quando necessário”, o que facilita muito a adesão ao tratamento.7,9,10



Bula do produto - Isoy®