Ponto de vista por Gonzalo Casino | 03 OCT 23

Ajuda para decidir

Sobre a tomada de decisões a partir dos riscos das intervenções de saúde
Autor/a: Gonzalo Casino 

A evolução tem dotado os seres vivos de dispositivos naturais para a gestão de riscos. Todos os instintos não são mais que mecanismos inatos para sobreviver e satisfazer as necessidades básicas. A fome, o instinto de fuga ou luta, os instintos de reprodução e cuidado da prole, e mesmo os instintos mais sociais, como pertencer a um grupo, são padrões de comportamento automáticos que nos ajudam a tomar boas decisões sem ter que fazer nenhum cálculo de possíveis benefícios e danos. O problema é que estes mecanismos foram postos a ponto em um ambiente natural muito distinto e oferecem limitações nos entornos complexos atuais. Os riscos que enfrentamos hoje são muito mais sofisticados, e as decisões que devemos tomar, muito mais difíceis. Vamos pensar nos riscos associados à rapidez ou às intervenções de saúde.

A saúde é sem dúvida um dos epicentros mais importantes na gestão de riscos.

São muitas as decisões que afetam a nossa saúde, desde a escolha de uma casa até a realização de uma operação que pode salvar nossas vidas. Umas são pequenas e cotidianas, como o que comemos ou desejamos comer, e outras são mais singulares, como submeter-se a um tratamento de infertilidade; umas tem efeitos imediatos e outras a um longo prazo, como fumar ou não fumar. Mas todos ou quase todos eles têm cara e coroa, seus potenciais benefícios e malefícios, e para tomar boas decisões é necessário conhecê-los. Os profissionais de saúde são geralmente a principal fonte de informação, embora para algumas intervenções complexas também tenham sido desenvolvidos “auxílios à decisão”.

As explicações dos médicos podem ser valiosas, mas no geral é complicado que transmitam de forma clara os efeitos previsíveis de todas as opções, e os pacientes muitas vezes não se lembram bem das mensagens dos médicos. Os auxílios à decisão sobre tratamentos e testes diagnósticos, um formato resumido e adaptado que geralmente combina texto, gráficos e números – e às vezes vídeos e conteúdo da web – para esclarecer os benefícios e malefícios, têm se mostrado ferramentas muito úteis para a tomada de decisões quando nem opção parece claramente melhor. Os pacientes que os utilizam sentem-se mais bem informados e mais conscientes do que é importante para eles. Além disso, provavelmente têm expectativas mais precisas sobre os benefícios e malefícios das diferentes opções e participam mais na tomada de decisões com o profissional de saúde. O problema é que esses materiais são escassos e é difícil prepará-los e mantê-los atualizados.

 

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